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Sindical e Previdência

Sintraport relembra 53 anos da chegada do navio-prisão Raul Soares ao Porto de Santos

Sindicalistas foram presos e trancafiados nos calabouços em que se transformaram os porões escuros daquele cárcere flutuante

Da Reportagem

Publicado em 24/04/2017 às 12:45

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Sintraport relembra 53 anos da chegada do navio-prisão Raul Soares ao Porto de Santos / Rodrigo Montaldi/DL

Naquela sexta-feira, dia 24 de abril de 1964,o navio-prisão Raul Soares chegava ao porto de Santos para descrever a mais triste e sombria história do sindicalismo de Santos e Região. Sindicalistas foram presos e trancafiados nos calabouços em que se transformaram os porões escuros daquele cárcere flutuante, símbolo da ditadura militar, que havia sido instalada em 2 de abril daquele ano no Brasil.

Para relembrar essa triste data, a Associação dos Aposentados do Sintraport (Aposintra) em conjunto com a direção do sindicato, promoveu nesta manhã uma reunião com familiares de presos do navio. e com sindicalistas da região Depois, foi promovido um ato simbólico no alto do pontilhão que dá acesso a travessia das barcas para Vicente de Carvalho, local de onde se observa a Ilha Barnabé, local ponde o navio ficou atracado.

Foram homenageados os sindicalistas presos no Raul Soares, Ademar dos Santos, Ademarzinho e Argeu Anacleto, associados do Sintraport e também o médico Thomas Maack, que se exilou em Nova Iorque e não pode comparecer ao evento, mais enviou uma mensagem(leia abaixo), que foi lida durante o evento  pelo jornalista Francisco Aloise, da editoria Sindical do Diário do Litoral.

Ainda hoje, a partir das 17h30, um outro evento se realiza na travessia de barcas. O Comitê Popular de Santos, Memória, Verdade e Justiça, realiza um ato de reflexão denominado "Raul Soares Nunca Mais".

Médico Thomas Maack envia de Nova Iorque mensagem aos portuários

Essa é a mensagem enviada aos portuários de Santos e sindicalistas da região pelo médico Thomas Maack, preso do navio Raul Soares e que se exilou em Nova Iorque, Estados Unidos, onde hoje é um famoso cientista médico e professor emérito da Cornnell Universidade de Nova Iorque.

Eu saúdo todos os prisioneiros do navio prisão "Raul Soares" e  suas famílias  na ocasião dessa comemoração de triste memória  de uma das maiores infâmias cometidas pela ditadura de 1964. Eu agradeço profundamente a homenagem que a mim é prestada e sinto-me honrado de partilhá-la  com os meus companheiros de prisão, Ademarzinho e Argeu, duas figuras de proa dos portuários de Santos que tanto contribuiram para a unidade, coragem e moral dos prisioneiros do navio em 1964.  A lembrança do evento é de importância fundamental na nossa luta comum de defesa da democracia, da justiça social e econômica, dos direitos trabalhistas  e dos direitos humanos principalmente nessa fase difícil que o pais atravessa.

Infelizmente, por razões de família, não pude viajar para o Brasil para estar presente  mas estarei em pensamento  com vocês todo esse dia .

Uma das coisas que eu nunca me esquecerei durante a minha prisão no Raul Soares foi a absoluta unidade de propósito dos meus companheiros de prisão. Era uma identidade de propósito que se centrava na solidariedade, na proteção mútua, em auxiliar um ao outro resolver problemas, na manutenção da moral entre os prisioneiros, na resistência ativa e passiva às infâmias perpetradas pelos nossos algozes nonavio, na defesa pragmática de nossos direitos humanos e de não deixar diferenças políticas intervir com a nossa identidade de propósitos. Minha solidariedade com vocês e suas famílias continua a mesma a da dos tempos de  minha prisão no "Raul Soares". A modesta contribuição que pude dar em atender emergências médicas dos meus companheiros de prisão me fortaleceu  na ocasião e continua sendo um motivo de orgulho para mim. Essa homenagem eu guardarei no meu coração para sempre.

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