MTE vai investigar repressão a sindicatos durante a ditadura

O Ministério do Trabalho e Previdência Social está criando uma Comissão da Verdade para investigar intervenções em sindicatos e prisões de sindicalistas ocorridas entre 1946 a 1985. O anúncio foi feito pelo ministro Miguel Rossetto que editou a  Portaria 517, com as regras para essa providência.

A medida segue uma recomendação da Comissão Nacional da Verdade que pede investigação nos abusos contra sindicatos durante o período da ditadura civil-militar e atende a um pedido encaminhado ao ministério por nove centrais sindicais.

“Vamos colocar luz em todas as caixas fechadas da história da ditadura e da repressão da classe trabalhadora nesse País. E que seja exatamente essa luz que ilumine essa história, que tire das trevas essa história e que permita que essa memória eduque permanentemente para a democracia as nossas gerações”, afirmou o ministro Miguel Rossetto.

A portaria do MTPS constitui um grupo formado por servidores do Ministério do Trabalho e Previdência Social, que terá como tarefa examinar documentos internos, registros de sindicatos e processos judiciais sobre a repressão a movimentos sindicais.

A equipe terá 180 dias para produzir um relatório a respeito e oficializar o documento, que deverá ser entregue à Presidência da República.

A criação dessa comissão foi comemorada pelos trabalhadores, especialmente por aqueles que vivenciaram os abusos cometidos naquele período, como Raphael Martinelli, remanescente do Comando Geral dos Trabalhadores de 1964 (CGT), hoje com 92 anos, que enfrentou a ditadura e afirma que a criação da comissão é a concretização de um desejo profundo e antigo de quem passou pela mesma situação que ele.

“O movimento operário tem condições de examinar esses documentos e torná-los públicos, para que os trabalhadores possam sentir o que foi a intervenção, o que foi a ditadura e quanto ela prejudicou a ­democracia”, frisou.

Diário do Litoral divulgou lista de sindicatos que sofreram intervenção em Santos

A reportagem do ­Diário do Litoral  obteve os nomes de sindicalistas presos no Navio-Prisão Raul Soares, em abril de 1964, início da Ditadura Militar no País, e também obteve a lista de todos os sindicatos que foram fechados sob intervenção. Divulgação foi em abril de 2013.

A medida atingiu os seguintes sindicatos: Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, Administração Portuária, Conferentes de Carga e Descarga do Porto de Santos, Sindicato dos Arrumadores e Ensacadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Itanhaém e São Sebastião; Vigias Portuários, Sindicato Nacional dos Contramestres, Marinheiros, Moços e Remadores em Transportes Marítimos; Operários e Carpinteiros Navais, Sindicato dos Empregados nos Escritórios das Empresas de Navegação de Santos; Sindicato dos Pescadores de Santos,; Sindicato dos  Carregadores e Transportadores de Bagagem do Porto de Santos; Sindicato d Operários Portuários, Sindicato Nacional dos Cabos, Foguistas e Carvoeiros da Marinha Mercante de Santos; Sindicato dos Consertadores de Carga e Descarga do Porto de Santos; Sindicato dos Motoristas e Condutores da Marinha Mercante de Santos; Sindicato dos Classificadores de Frutas no Porto de Santos; Sindicato dos Oficiais de Náutica da Marinha Mercante.

E mais: Delegacia do Sindicato dos Práticos, Arrais e Mestres de Cabotagem do Rio de Janeiro, Estado de São Paulo e Santos; Delegacia do Sindicato Nacional dos Taifeiros, Culinários e Panificadores Marítimos; Caixa de Crédito da Pesca; Décimo Sexto Distrito de Portos e Vias Navegáveis; Representação da Comissão de Marinha Mercante de Santos e Entreposto de Pesca de Santos.