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Santos registra 159 casos de de abusos contra crianças

Levantamento aponta familiares como os que mais cometem crimes contra os menores santistas

Carlos Ratton

Publicado em 23/04/2017 às 10:30

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Dos 159 casos de abusos e assédios sexuais cometidos contra crianças e adolescentes na Cidade em 2016, 65 envolvem menores de um a quatro anos / Rodrigo Montaldi/DL

Os números são preocupantes e mostram uma Santos pouco conhecida: a que impõe violência infanto-juvenil. Dos 159 casos de abusos e assédios sexuais cometidos contra crianças e adolescentes na Cidade em 2016, 65 envolvem menores de um a quatro anos (34 meninas e 31 meninos).

Isso corresponde a 41% dos registros apresentados no relatório, envolvendo esse segmento, à Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil de Santos (Ceviss)

Dois detalhes não menos surpreendentes: a maioria dos casos é registrada na zona leste e não na periferia do Município (como muitos pensam), e acontece dentro do seio familiar, cometida por pais, irmãos, tios, primos.

Universo

Mas os números são ainda mais surpreendentes. O percentual chega a pouco mais de 15% do universo de 416 casos registrados envolvendo violência de forma geral - incluindo adultos.

Entre crianças de cinco a nove anos foram registrados 16 casos concontra meninos e 13 contra meninas (7% desse universo). Entre 10 e 14 anos, cinco meninos e 17 meninas (5,3%) e acima de 15 anos, 21 meninos e 22 meninas (10,3%). Juntando pessoas de outras cidades que registaram a violência em Santos, os números sobem para 573 casos.

Apenas a ponta

Para a coordenadora da Ceviss, a advogada Cláudia Diegues Krawczuk, os números podem ser apenas a ponta de um imenso iceberg.

“Eles refletem um levantamento realizado por intermédio apenas das fichas de notificação e investigação individual da violência doméstica, sexual e outras, preenchidas pelos técnicos dos equipamentos de saúde e sociais da Cidade. Muita gente não tem coragem de denunciar e as fichas não são utilizadas como o Ceviss gostaria. Ou seja, muitos casos não chegam ao sistema”, afirma.

Preconceito

A advogada revela que existe uma dificuldade muito grande de combater a violência sexual contra as crianças por conta da sociedade machista e o preconceito envolvendo homens e mulheres.

Ela explica que ainda não existe a conscientização de que se relacionar com uma criança é crime e esse relacionamento não precisa efetivamente ser consumado pelo ato sexual. “Passar a mão nas partes íntimas, colocar um filme pornográfico para assistir ao lado da criança e outros atos também caracterizam abuso”, afirma Cláudia.

Inocência

A coordenadora revela que os abusos nem sempre são percebidos por conta da inocência da criança. “Boa parte dos casos é relatada por adolescentes que já estavam sendo abusados ou assediados quando criança. Até a questão do toque caracteriza assédio, mas a criança não tem o entendimento para perceber e recebe o ato como um carinho. Por outros lado, o abusador geralmente sustenta a família e até ameaça a criança. É um jogo perverso, mas infelizmente comum”, afirma Cláudia. A advogada também ressalta que há um índice grande de crianças e adolescentes sendo explorados sexualmente na Cidade, cujo crime aumentou por conta das redes sociais.

Cláudia garante que os números são de conhecimento do poder público municipal, que possuem membros nos mais diversos conselhos municipais envolvendo crianças e adolescentes.

Movimento

No próximo dia 18, a Ceviss está preparando uma manifestação, acompanhada de uma campanha de conscientização. Materiais impressos já foram confeccionados – porta-moedas e documentos, imã de geladeira, adesivos e outros – e serão distribuídos à população .

“Vamos divulgar nas escolas, creches, equipamentos sociais e outros que trabalham com crianças e adolescentes. A ideia é que as vítimas passem a identificar os abusos e denunciar. É uma tentativa de prevenção e redução de danos”, completa a advogada, alertando que em março foi lançada uma cartilha que explica passo a passo tudo que a pessoa tem que fazer e onde denunciar, “Ela está disponível digitalmente no portal dos conselhos”, completa.

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