28 de Março de 2024 • 06:40
"O prefeito poderia ajudar a minimizar o sofrimento de milhares de usuários" / Matheus Tagé/DL
Enquanto os vereadores de Santos se preocupam com a Semana da Incontinência Urinária (Jorge Vieira da Silva Filho, o Carabina); proibição de ‘selfie’ em banheiros públicos (José Lascane); padronização dos carrinhos de compras em estabelecimentos comerciais (Carlos Teixeira Filho, o Cacá) e proibição de usar bandejas, embalagens e copos de isopor no comércio (Manoel Constantino), há parlamentares que se preocupam com assuntos mais importantes, de real interesse público e que envolve Santos.
Entre eles, a a atual situação das travessias entre o Município e Guarujá. Sobre esse assunto, o Diário conversou com o presidente da Câmara de Guarujá, Ronald Luiz Nicolaci Fincatti (DEM), que há dias vem fazendo críticas à inércia do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Confira:
Diário do Litoral – Por que o senhor acha que falta empenho do prefeito de Santos sobre a questão do túnel?
Ronald Nicolaci – Porque está na hora dele se posicionar neste jogo. Ele é ligado ao governador. Se não se posicionar, fica difícil de entender o que Santos quer. Se é contra a ligação seca, que ponha a cara. Não dá para ficarmos sendo enganados a vida inteira, acreditando que o governo santista será parceiro de Guarujá e Região na conquista fundamental desse equipamento.
Diário – O senhor acredita que o prefeito Paulo Alexandre é o homem mais próximo do governador, é isso?
Nicolaci – É do mesmo partido, foi secretário do Alckmin. O prefeito de Santos poderia ajudar a minimizar o sofrimento de milhares de usuários do sistema de travessia entre os dois municípios. No entanto, não estou vendo atitude dele sobre a questão. O Estado já liberou R$ 1 bilhão para a ligação Macuco-Prainha. Foram gastos R$ 50 milhões com o projeto executivo do túnel. Vamos perder esse dinheiro por falta de atitude?
Diário – O sistema de travessia poderia ser melhor?
Nicolaci – Sim, mas nem as quilométricas filas, nem a falta de embarcações – muitas passam boa parte do tempo em manutenção – são motivos suficientes para que o prefeito de Santos se comova e cobre do governador uma definição sobre a construção do túnel, na ordem de R$ 3,2 bilhões. Isso não pode continuar. São 23 mil carros por dia. Precisamos de uma travessia moderna. O Governo Estadual tem direito a R$ 7 bilhões liberados pelo Governo Federal. Temos que garantir que pelo menos mais R$ 2,2 bilhões venham para a Região.
Diário – Mas o governador já adiantou que a liberação dependia da queda da presidente Dilma e da boa vontade do futuro governo.
Nicolaci – O que posso adiantar é que eu e vários vereadores da Região, que fazem parte da União dos Vereadores da Baixada Santista, (Uvebs), não vamos admitir que o governador venha com a desculpa que não envia verba por falta de interesse. Temos que fazer uma grande movimentação popular e política para evitar a fuga deste investimento e a construção do equipamento.
Diário – A travessia seca seria de grande valia econômica, não?
Nicolaci – Sim. Não é apenas uma questão de mobilidade urbana e de estreitamento entre os dois municípios, mas uma questão econômica nacional. Se os atores e as instituições da Região não entrarem na briga, vamos perder esse investimento.
Diário – Quais os outros atores além do prefeito de Santos?
Nicolaci - Maria Antonieta de Brito (PMDB), mas ela não tem a força política como tem Paulo Alexandre junto ao governador de São Paulo. O vice-governador (Márcio França), que também é da Região, deveria ajudar mais sobre essa questão.
Diário – O senhor vê pouca manifestação do prefeito sobre o túnel?
Nicolaci – Ele tem que se manifestar. Até agora não vejo dele qualquer compromisso com a sociedade regional. Não adianta inaugurar maquete e depois virar as costas e deixar todos com cara de trouxa (lembrando da fatídica passagem do atual senador José Serra - atual ministro do presidente em exercício Michel Temer - em época de campanha à presidência).
Diário – O senhor acredita que a Região fica na dependência de uma posição santista?
Nicolaci - É preciso que as cidades parem de ficar a ‘mercê’ dos interesses de Santos. A política da Região não pode ficar a reboque de Santos a vida inteira. Se for para continuar assim, vamos comprar briga de outra forma. Lembro que o túnel vai diminuir o custo do transporte, aumentar o fluxo portuário, gerar emprego, fomentar a construção civil, entre outras possibilidades econômicas. Há dezenas de razões para lutarmos pelo túnel, mas é preciso mobilização regional.
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