19 de Março de 2024 • 07:54
Maia irritou-se com o governo na semana passada / Divulgação/Fotos Públicas
Em rota de colisão com o governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (21) que a pretensão do presidente Michel Temer de disputar a reeleição é um problema do Palácio do Planalto e não dele.
"Isso é um problema de lá. Eu não reclamei que eles estão querendo cuidar dos projetos de cá? Deixa eles cuidarem de lá e a gente cuida de cá", disse Maia em conversa com jornalistas.
O presidente da Câmara disse que a relação entre ele e o Planalto se dará "sempre de forma harmônica", mas disse que cada um deve cuidar de suas atribuições. "Quem escolhe a pauta da Câmara é a Câmara, quem escolhe a pauta do governo é o governo", afirmou.
Maia irritou-se com o governo na semana passada, quando não foi consultado sobre a decisão de se editar um decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro.
Nesta semana, ele voltou a se indispor com o Planalto depois que o governo apresentou uma lista de 15 pautas requentadas na área econômica para ocupar o espaço deixado com o enterro da reforma da Previdência.
Ele bateu de frente novamente com Temer quando o presidente propôs a criação de um imposto para segurança pública.
"Falei para ele [Temer]: não dá. O senhor acabou de decretar uma intervenção. Não pode aprovar emenda constitucional", afirmou.
Questionado se havia se oposto ao tributo apenas por ser uma PEC (proposta de emenda à Constituição) ou também por se opor à criação de novos impostos, Maia foi irônico.
"Sou um cara muito educado. Só precisei ficar na parte que a intervenção proibia a PEC", disse o presidente da Câmara. "Aqui na Câmara não passa a criação de nenhum imposto."
E, ainda ironicamente, propôs que o governo reduzisse suas despesas. "Podemos começar reduzindo o número de ministérios", declarou.
Agenda econômica
Da lista de propostas do governo para a área econômica, Maia afirmou que pretende votar na semana que vem a reoneração da folha de pagamento para empresas de 50 setores e disse que a comissão que trata da proposta de privatização da Eletrobras começa a trabalhar também na próxima semana, com previsão de levar o texto para plenário na segunda quinzena de abril.
Maia disse também que está estudando uma maneira de levar adiante uma proposta para diminuir o engessamento dos gastos públicos.
O texto seria uma PEC, mas a intervenção no Rio impede que se modifique a Constituição. Agora, ele quer tentar aprovar algo por meio de projeto de lei.
"Eu não saí da minha agenda de reorganizar as despesas. Quem saiu foi o governo. Eu continuo estudando com calma. Só vou apresentar as propostas quando tiver isso bem debatido com os líderes, com os deputados e com alguns economistas que possam introduzir uma agenda que ajude as contas públicas", disse Maia.
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