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Política

Excrescência, diz Lula sobre ação contra ele e Gilberto Carvalho

O ex-presidente disse que, após um depoimento, falou a um diretor da Polícia Federal que falta formação política aos delegados da instituição

Folhapress

Publicado em 21/09/2017 às 15:28

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Lula é acusado pelo crime de corrupção passiva / Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ex-presidente Lula (PT) chamou de "excrescência" a denúncia contra ele na Operação Zelotes, aceita pela Justiça nesta semana, durante evento do partido nesta quinta-feira (21).

"Essa da medida provisória é a excrescência da excrescência da excrescência", afirmou o petista, ao criticar o que chamou de "processo de criminalização do PT".

Na ação, Lula é acusado pelo crime de corrupção passiva por supostamente aceitar promessa para receber recursos ilegais em 2009, quando ainda ocupava a Presidência.

O ex-ministro Gilberto Carvalho, que também estava no encontro desta quinta (21), e o ex-presidente aceitaram promessa de vantagem indevida de R$ 6 milhões para favorecer as montadoras MMC (atual HPE) e Caoa na edição de uma medida provisória, de acordo com a Procuradoria.

"Dizer que o coitadinho do Gilberto pegou [R$] 6 milhões. Gilbertinho, você não me contou o que você fez", disse ele, em tom de piada, querendo rebater a denúncia e dirigindo-se a Carvalho, que acompanhava a fala no auditório de um hotel na região central de São Paulo.

Lula disse que, após um depoimento, falou a um diretor da Polícia Federal que falta formação política aos delegados da instituição.

"Eles são verdadeiros analfabetos políticos. Não conhecem nada do que se trata de político. Eu falei: precisa cuidar disso. [...] Não é só fazer um concurso, virar o julgador do mundo. É preciso ter experiência de vida, prestar contas com a realidade."

Também no discurso, disse que membros do Ministério Público deveriam fiscalizar, por exemplo, o cumprimento da lei que estabelece percentual de 30% de fornecedores locais na compra de merenda escolar.

"O PT poderia entrar com um pedido ao Ministério Público, [que] ao invés de ficar ganhando as ricas diárias lá em Curitiba, que eles possam visitar as cidades brasileiras para saber se os prefeitos estão cumprindo a lei", sugeriu, sob aplausos.

Lula disse ainda estar "convencido de que finalmente o PT acordou para o processo de criminalização que estão tentando fazer" contra o partido e cobrou uma reação da sigla.

"Aquela história de criar um PowerPoint dizendo que o PT foi criado para ser uma organização criminosa e que essa organização queria ganhar o governo para roubar o Brasil, esse Power Point é a maior desfaçatez mentirosa que alguém poderia fazer contra o partido mais importante que a esquerda criou na América Latina", afirmou o ex-presidente.

Bandeiras

Pesquisa de intenção de voto para presidente divulgada nesta semana pela CNT/MDA mostra Lula na primeira colocação.

Pré-candidato, ele pode não conseguir disputar a eleição caso a condenação do juiz Sergio Moro no caso do tríplex de Guarujá seja confirmada pela segunda instância da Justiça.

Em aceno à militância, o petista falou no evento de respeito à população LGBT, defesa da liberdade religiosa e descriminalização das drogas.

Lula criticou a decisão da Justiça Federal do Distrito Federal que permite que psicólogos possam tratar gays e lésbicas como doentes.

Ao descrever o PT como um partido que aceita a diversidade, ele disse que "não podemos aceitar" a iniciativa.

"A pessoa é o que ela quer ser. E não vai ser resolvido, pelo menos nessa situação, com psicólogo." Para ele, o pedido para fazer terapias de "reversão sexual" significa busca de "uma fonte para ganhar dinheiro".

Sobre a política de drogas no Brasil, ele questionou: "Vai continuar tratando como se fosse um caso de polícia?".
"A gente vai ver jovens, meninos, negros, e meninas da periferia, porque é encontrado com um baseado, é preso e fica dois anos sem ter alguém para ir lá liberar essa criança?", disse.

As afirmações sobre a necessidade de o partido debater o tema foram entendidas por lideranças do PT no local como defesa da descriminalização.

"Tem que ter uma outra abordagem. Há uma política de encarceramento em massa que é uma loucura", afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Ao falar sobre a tolerância religiosa, o ex-presidente disse que não deve existir "supremacia" de uma crença sobre outra.

'Escolinha de base"

Na sequência da fala sobre os três temas, Lula afirmou que o partido tem que "assumir essas coisas, porque o século 21 é o século em que a gente tem que ter coragem de inovar. As coisas velhas têm que ser colocadas no arquivo morto. Daqui a pouco eu mesmo estou no arquivo morto".

"Nós temos que mexer, fazer quase que escolinha de base. O PT tem que fazer escolinha de base. O PT está carecendo, está precisando produzir não apenas novos programas, mas novos dirigentes, gente com a cabeça no século 21, pensando para a frente. Gente mais esperta do que eu", disse.

As declarações de Lula ocorreram durante o lançamento de uma plataforma da legenda e da Fundação Perseu Abramo, que pertence ao PT, para promover debates e construir um programa de governo nacional.

A iniciativa, denominada Brasil Que o Povo Quer, vai se estender até o ano que vem.

No evento, o ex-presidente fez uma defesa do consumo como pilar econômico. "Vejo as pessoas falarem em consumo como se fosse uma coisa nefasta, uma doença. Eu não consigo ver produção sem consumo. Ele é a base do desenvolvimento produtivo de qualquer lugar do mundo."

Comentando investimentos da era petista em educação, como a criação de universidades federais, Lula disse que "a elite brasileira, uma parte da elite brasileira, porque nunca vou generalizar, mas a elite brasileira que governou este país foi tão canalha que ela nunca se preocupou com a educação, porque [para ela] pobre não precisava estudar".

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