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Polícia

Estupro de vulnerável sobe 150% em abril na Baixada e Vale do Ribeira

Foram 40 casos em abril deste ano ante 16 no mesmo período do ano passado

Gilmar Alves Jr.

Publicado em 11/06/2018 às 08:00

Atualizado em 29/07/2021 às 13:05

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Os casos de estupro de vulnerável subiram 150% em abril deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Foram 40 casos ante 16. As informações constam nas estatísticas divulgadas no final de maio pela pasta.

Do total de estupros em abril deste ano, 50, os 40 ataques  a vulneráveis – menores de 14 anos ou pessoas que não podem oferecer resistência – representam 80% do casos.

No primeiro quadrimestre de 2018, foram 169 casos, o que representou um aumento de 119,5% em relação aos quatro primeiros meses de 2017, quando foram registradas 77 ocorrências.

Em todos os meses do primeiro quadrimestre de 2018, o número de casos de estupro de vulnerável foi superior ao de vítimas maiores de 14 anos. De janeiro a abril de 2017, o indicador de estupro de vulnerável foi inferior, mês a mês, ao de maiores de 14 anos.

Narrativas

A delegada Fernanda dos Santos Sousa, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, diz que chama atenção o grau de discernimento de crianças muito pequenas ao narrar os casos, o que tem contribuído para as investigações dos crimes, a maior parte deles em ambiente doméstico.

“Elas (crianças) têm o discernimento de perceber que a conduta que elas estão sendo sofrendo é inadequada”, afirma ­Fernanda.

Orientações dadas pelos pais e nas escolas têm levado mais crianças a denunciar os estupros.  

“Eu já tive casos que elas viram palestras na escola e aí se identificaram com aquela situação e vieram a narrar para a diretora, para a coordenadora, o que estava acontecendo com elas. Então por isso que é importante chegar essa orientação para a criança, para ela saber quando ela está ­sendo vítima de alguma coisa, de algum crime dessa natureza, de algum abuso sexual”, afirma ­Fernanda.

Autores

Além de pais e padrastos, a delegada diz que esse tipo de crime está sendo cometido por companheiros de avós das crianças, de forma frequente.

“Muitas vezes não é o avô biológico e esse companheiro (da avó) fica em casa com a criança enquanto a avó acaba fazendo as suas atividades domésticas de rotina e nesses momentos ele se aproveita”, diz a titular da DDM.

Medidas preventivas

Como medidas preventivas para evitar abusos sexuais a vulneráveis, a delegada recomenda que os pais estejam sempre atentos ao histórico das pessoas que conviverão com a criança, seja no ambiente familiar ou no ambiente escolar. A vida digital de crianças e adolescentes também deve ser monitorada.

“Tem aliciadores que começam em jogos e depois passam para o telefone celular, para o WhatsApp e aí começa a tentar marcar encontro”, disse Fernanda.

“Uma coisa muito importante são horários definidos para uso do telefone celular”, afirma. “Eu já tive caso de menina de 9 anos que falava durante a noite.”

Em vias públicas, para pessoas em geral, deve-se evitar lugares ermos, principalmente durante o período noturno.

Delegada frisa importância de comunicação rápida do crime

A delegada Fernanda dos Santos Sousa frisa a importância de uma comunicação rápida do estupro, de vulneráveis ou não, às polícias Civil e Militar para uma maior produção de provas e possíveis prisões em flagrante.

Uma comunicação logo após o crime pode garantir, por exemplo, acesso da polícia a imagens de monitoramento de vias públicas, imóveis e estabelecimentos comerciais. Com o passar do tempo, a obtenção de imagens pode ser prejudicada porque registros vão sendo apagados em prazos determinados nos sistemas.

Para retratos falados em caso de autoria desconhecida, uma comunicação de crime recente ajuda no detalhamento da ­fisionomia.

“(Com o passar do tempo) ela (vítima) vai acabar esquecendo a espessura da sobrancelha, se a barba estava malfeita ou bem feita. A cor dos olhos”, analisa a delegada.

Saúde e vestígios

Ao se dirigir imediatamente a uma delegacia, a vítima, em casos de conjunção carnal, é encaminhada para o serviço de saúde para receber medicação contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Passa também por exame no Instituto Médico-Legal (IML) que pode detectar material genético do estuprador.

“Se ela (vítima) me relata esse crime três, quatro meses depois, ela já não tem mais secreção vaginal (com vestígios) para colher. Tudo vai ficando mais difícil depois que o tempo vai passando”, declarou Sousa.

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