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O Caminho do Lixo

Contagem regressiva no Aterro Sítio das Neves

Em março deste ano, o órgão havia proibido a ampliação do aterro devido à proximidade da base aérea – já que as aves que circulam no local prejudicariam a atividade aeronáutica

Vanessa Pimentel

Publicado em 05/06/2017 às 08:05

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A Reportagem acompanhou um dia de trabalho no aterro Sítio das neves, que começou a operar em fevereiro de 2003, administrado pela empresa terrestre ambiental / Daniel Villaça/DL

As prefeituras da Região correm contra o tempo, ou pelo menos deveriam, quando o assunto envolve uma nova área para destinar o lixo. Isso porque, o Aterro Sítio das Neves, local que atualmente recebe os resíduos de sete das nove cidades da Baixada Santista, já tem data para fechar, de acordo com a Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo, (CETESB).  

Em março deste ano, o órgão havia proibido a ampliação do aterro devido à proximidade da base aérea – já que as aves que circulam no local prejudicariam a atividade aeronáutica. 

Com a negativa, o aterro só poderia continuar recebendo lixo até junho de 2018. 

Outras datas já rondaram o encerramento das atividades, como por exemplo, a informação de que a vida útil do Sítio das Neves não passaria do fim deste ano. Mas, o Ministério Público Estadual (MPE) interviu e junto a CETESB, autorizou que uma área que já estava desativada voltasse a receber resíduos até 2020.

Porém, após o prazo, as cidades precisarão de um novo lugar para descartar seu lixo, pois a CETESB informou não haver mais lugares disponíveis para o serviço na Baixada Santista. 

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De acordo com o coordenador ambiental da Terracom, Carlos Marcelo Pousada dos Santos, o aterro poderia ter mais tempo se recebesse, de fato, apenas o que não tem mais serventia. Só em Santos, a prefeitura estima que 40% dos detritos enviados para lá poderia ser reciclado e esta estimativa não muda muito se comparada as outras cidades da região, como o leitor vai perceber nas próximas matérias. 

“É um crime na verdade porque isso é dinheiro, tem um cunho social grande porque poderiam ter cooperativas e pessoas recebendo por este trabalho”, justifica Carlos. 

A vida útil do aterro poderia ser maior, se recebesse apenas o que não tem mais serventia, segundo Carlos (Foto: Matheus Tagé/DL)

Rotina

A Reportagem acompanhou um dia de trabalho no aterro, que começou a operar em fevereiro de 2003, administrado pela empresa Terrestre Ambiental.      

Antonio Carlos de Souza Guarmani, gerente do local há seis anos, conduziu nossa equipe. Na entrada, uma balança pesa os caminhões para conferir se o peso informado na saída da área de transbordo se manteve, a fim de garantir que não houve descarte irregular. 

Após a pesagem, o caminhão segue para o local de descarga. Lá, os resíduos são espalhados e tratores passam por cima a fim de compactá-los. Depois, recebem uma camada de terra com espessura determinada em normas de segurança que garantem a estabilidade do maciço formado. 

Enterrado, o lixo se decompõe e cria o chorume, um líquido de cor escura e malcheiroso, captado por tubulação e levado até um compartimento  do aterro, onde recebe tratamento adequado.

“No aterro não há capacidade suficiente para tratar a quantidade de chorume gerado por dia, que é de aproximadamente mil metros cúbicos, e este número varia muito porque se chove, aumenta bastante. Então uma parte é tratado na Sabesp”, explica Antonio Carlos. 

Para evitar que a chuva penetre e aumente a carga de chorume, a empresa utiliza a técnica de envelopamento, ou seja, cobre com uma manta todo o maciço. Desta forma a água bate, escorre e não se contamina. 

Lixo Hospitalar

Os resíduos hospitalares também têm o Sítio das Neves como destino, mas recebem tratamento diferenciado. 

Assim que chegam, seguem para a autoclave, uma máquina que realiza o processo de descontaminação por uma hora, sob a temperatura de 150°C. 

De acordo com Antonio, o Sítio das Neves é o único do país que conta com um sistema de tratamento de lixo hospitalar todo automatizado. 

O Fim

Se em 2020, de fato, o Sítio das Neves encerrar as atividades, o espaço não poderá mais receber lixo, mas o trabalho de manutenção e fiscalização continuará por pelo menos 20 anos. A informação é do gerente  do local, Antonio Carlos. "Precisamos monitorar a estabilidade do terreno, a qualidade dos poços de água subterrâneos, o tratamento do chorume que ainda será gerado, se a impermeabilidade do solo se mantém intacta e outros detalhes operacionais", explica ele, ao fazer menção do tamanho do processo que envolve o lixo.

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