Maia diz que aceita desafio de ser candidato e que fará pacto contra velha política

A pré-candidatura do deputado foi oficializada nesta quinta, durante convenção nacional do DEM em Brasília

8 MAR 2018 • POR • 14h37
A pré-candidatura do deputado foi oficializada nesta quinta, durante convenção nacional do DEM em Brasília - Fotos Públicas

Diante de uma plateia formada por aliados do governo Michel Temer, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou nesta quinta-feira (8) que aceita o desafio de ser candidato à Presidência da República e que firmará um pacto para romper com o que chama de velha política brasileira.

Sem citar o nome de Temer, com quem duela por partidos que formarão a base de seus projetos eleitorais, o presidente da Câmara falou em diálogo e mudança e disse que vai enfrentar com coragem desafios como o combate à burocracia, ao corporativismo, à corrupção e ao crime organizado no país.   "Aceito, sim, o desafio de ser candidato à Presidência da República [...] Sou, a partir de hoje, pré-candidato à Presidência do Brasil", discursou Maia.

"Assumo o desafio de construir um pacto para rompermos com o que há de velho e atrasado na política brasileira. [...] Vamos construir alianças para ser também o candidato de muitos partidos que me honram aqui com suas presenças e seu apoio", completou.

A pré-candidatura do deputado foi oficializada nesta quinta, durante convenção nacional do DEM em Brasília. Dirigentes de partidos da base de Temer, como PP, PR e Solidariedade, estavam presentes e sinalizaram apoio ao nome de Maia para a disputa de outubro.

Como revelou a Folha de S.Paulo nesta terça (6), o presidente da Câmara elaborou um discurso rápido, em que apontou para o fim de um ciclo da política e a necessidade de renovação e mudança. Segundo Maia, sua geração não vai falhar -o deputado tem 47 anos e está em seu quinto mandato.

Maia disse ainda que fará campanha sem populismo e sem o antagonismo atrasado entre a direita e a esquerda, em suas palavras, e afirmou que somente as urnas de outubro serão capazes de inaugurar um novo tempo.

CETICISMO

Aliados do próprio presidente da Câmara veem sua pré-candidatura com ceticismo e acreditam que ele quer apenas se cacifar para, mais adiante, indicar um vice para a chapa do tucano Geraldo Alckmin, que também se lançou ao Planalto.

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta quinta, Maia rechaçou essa tese, elegeu o PSDB como seu principal adversário e disse que formar uma aliança com os tucanos hoje seria negligência política de sua parte.

O deputado resolveu ir até o limite com sua pré-candidatura diante da disposição do presidente Temer em discutir uma eventual candidatura à reeleição. Maia tem dito que não será o nome do governo e que, se o emedebista for candidato, disputará com ele "até o fim".

No final do evento, o presidente da Câmara disse ainda que a obrigação de defender o legado [de Temer] é do governo, não da candidatura dele.

Com apenas 1% nas pesquisas, disse que está otimista. "Minha candidatura vai decolar, pode escrever, eu acerto. Vou estar no segundo turno", completou.   Maia iniciou seu discurso dizendo que as habituais nominatas eram um resquício da "velha política", da qual quer se diferenciar. Porém, o deputado passou quase dez minutos citando aliados e agradecendo pelos apoios.

REFUNDAÇÃO

Novo presidente do DEM, ACM Neto fez um discurso longo, de meia hora, em que leu o manifesto distribuído pelo partido durante a convenção.

Disse que o DEM estava sendo refundado a partir desta quinta e que a legenda criaria um projeto para debater as imperfeições do Estado brasileiro.

Por fim, o prefeito de Salvador evocou a candidatura de Maia e disse que a sigla se sente preparada para lançar um nome à Presidência da República.

"Não há um quadro mais preparado para presidir o Brasil do que Rodrigo Maia. O país está cansado de candidatos fabricados em estudos de televisão e por marqueteiros", finalizou Neto.

Em sua fala, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), aludiu ao aumento da bancada federal do partido, que em 2014 elegeu apenas 21 deputados e alcançou 38 com a janela partidária de 2018.

"[O DEM] foi um partido que resistiu. Foi até dito que nós iríamos desaparecer. Foi proclamada a nossa extinção", afirmou.