Trabalhadores se mobilizam contra a Reforma da Previdência

As principais centrais sindicais do País cancelaram a greve nacional. Mesmo assim, a Frente Sindical Classista da Baixada Santista resolveu manter os protestos

6 DEZ 2017 • POR • 11h47
Mesmo com o cancelamento da greve nacional, sindicatos da região decidiram manter as manifestações e mobilizar trabalhadores da Baixada Santista - Paolo Perillo/DL

Os sindicatos da região reuniram os trabalhadores em manifestações contra a reforma da Previdência, durante todo o dia de ontem. As principais centrais sindicais do País cancelaram a greve nacional, por acreditarem que o presidente Michel Temer, sem votos suficientes, não votará a reforma hoje. Mesmo com o cancelamento, a Frente Sindical Classista da Baixada Santista resolveu manter os protestos.

Logo pela manhã, os petroleiros se reuniram nas unidades da Petrobras com o intuito de atrasar a entrada de trabalhadores. De acordo com a assessoria, na Refinaria Presidente Bernardes e na UTE Euzébio Rocha, em Cubatão, houve participação de 100% dos trabalhadores do regime de turno e de mais de 70% dos petroleiros do horário administrativo. No Terminal Alemoa, em Santos, a adesão foi de 100% no turno e no administrativo. E nas plataformas de Mexilhão e P-66, na Bacia de Santos, os trabalhadores atrasaram as rotinas de trabalho.

Segundo o diretor do Sindicato dos Petroleiros, Fábio Mello, não é momento de recuar ou fazer negociações. “A suspensão da mobilização nacional desarma a necessária luta contra o ataque às aposentadorias. O momento é de intensificar a luta. Temer recuou da votação, mas pretende colocá-la em pauta no dia 13”, explicou.

O ato da categoria começou bem cedo, às 6 horas, e terminou às 9 horas, horários de início dos turnos.

Bancários

Os bancários também decidiram manter a paralisação contra a Reforma da Previdência Social. Para o ato, 15 agências bancárias do Gonzaga, em Santos, ficaram fechadas das 8 às 12h.

“Temer pretende destruir a Previdência Social e sepultar as aposentadorias, com ajuda de alguns deputados e senadores. O verdadeiro objetivo é desviar dinheiro dos trabalhadores para os rentistas, bancos e grandes empresas. Por exemplo, o Bradesco lucrou R$ 16 bilhões no ano passado e tem dívida de R$ 465 milhões com a Previdência Social, assim como os grandes financistas e empresários no Brasil”, afirmou Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.

Ainda pela manhã, com as agências de portas trancadas, alguns bancários se reuniram em frente à unidade do Banco do Brasil, na Avenida Ana Costa.

Protesto nas escadarias do Fórum de Santos

Dezenas de servidores da Baixada se reuniram ao meio- dia nas escadarias do Fórum de Santos, na Praça José Bonifácio, em Santos, em ato conjunto com outras categorias.

O protesto foi organizado pela Associação dos Trabalhadores do Judiciário do Estado (Assojubs), Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Judiciário Estadual (Sintrajus) e Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Fenajufe). E contou com o apoio do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro LP), Sindicato Nacional dos Auditores Ficais (Sinait), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e de Fertilizantes da Baixada Santista (Sindquim), Sindicato dos Servidores Municipais de Santos (Sindserv) e Sindicato dos Metalúrgicos. Além da oposição dos Servidores Públicos de São Vicente e de Cubatão.

Os dirigentes das categorias conversaram com os servidores sobre a importância do ato e explicaram o impacto da reforma da Previdência para os trabalhadores. Nas escadas do Palácio da Justiça, os servidores seguravam faixas com os dizeres “Não ao desmonte da Previdência”, “Contra a PEC 287/16” e “Nenhum direito a menos”.

“Estamos denunciando a falácia da reforma da Previdência. Falam que a Previdência é deficitária e querem jogar a culpa no servidor público. Mas isso não é verdade. O servidor público virou bode expiatório”, afirmou o presidente da Assojubs, Michel Iorio.

Uma das faixas estampava o rosto dos deputados da região João Paulo Papa, Beto Mansur e Marcelo Squassoni, que votaram a favor da reforma trabalhista. “Não aceitamos o roubo da aposentadoria e vamos cobrar para que os deputados da região não apoiem o retrocesso dos nossos direitos”, garantiu Adilson Rodrigues, coordenador da Fenajufe.

Os servidores seguiram protestando caminhando em torno da Praça José Bonifácio. Por volta das 13 horas, voltaram a se reunir nas escadarias e terminaram a manifestação entoando: “Previdência fica. Temer sai”.

Praça da Independência

O dia de mobilizações terminou com ato público, às 18 horas, na Praça da Independência, em Santos.

“O objetivo foi reunir o maior número de pessoas que se opõem às medidas do governo Temer, sejam eles trabalhadores, desempregados ou estudantes”, disse Iorio. “Mesmo com o cancelamento da greve nacional, fizemos desta terça-feira um dia de luta na Baixada”, finalizou.