X

Mundo

Trump e democratas mergulham os EUA na mais longa paralisação

O motivo do embate com democratas é o muro que ele quer construir na fronteira com o México, para o qual exige uma soma de US$ 5,7 bilhões, que os adversários se recusam a liberar.

Folhapress

Publicado em 12/01/2019 às 22:04

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Trump e os Democratas estão em embate político por causa da construção do muro. / Reprodução/FP

Nos Estados Unidos, fechar o governo não é exatamente algo a que os americanos estejam desacostumados. Desde 1976, quando a lei que definiu o processo de orçamento federal foi aprovada, já foram 21 vezes em que algum impasse provocou a paralisação da administração.

O único presidente que escapou da sina nesse período foi o republicano George W. Bush em parte, talvez, pela comoção provocada pelos ataques de 11 de setembro e que deixaram disputas partidárias em segundo plano.

A partir deste sábado (12), o também republicano Donald Trump toma para si o posto de presidente cujo governo ficou paralisado por mais tempo desde a criação da lei orçamentária: 22 dias.

O motivo do embate com democratas é o muro que ele quer construir na fronteira com o México, para o qual exige uma soma de US$ 5,7 bilhões, que os adversários se recusam a liberar.

Nesta sexta (11), Trump mostrou que se mantém inflexível. Em mensagem, ele qualificou a situação na fronteira de "crise humanitária".

"Eu acabei de voltar [da fronteira] e é uma situação pior do que quase qualquer um entenderia, uma invasão", escreveu. "Eu estive lá várias vezes ""os democratas chorões Chuck [Schumer, líder do partido no Senado] e Nancy [Pelosi, presidente da Câmara] não sabem quão ruim e perigosa é para nosso PAÍS INTEIRO...".

Na avaliação de especialistas, a situação se agravou tanto que o presidente se colocou numa posição da qual é difícil de sair sem reconhecer que, talvez, a demanda não tivesse o peso que ele dava a ela. Dificilmente Trump vai dar o braço a torcer, acreditam.

Restam, então, duas saídas: que o presidente declare emergência nacional, recurso que foi usado, por exemplo, por Bush depois do 11 de setembro; ou que ele perca apoio nas fileiras republicanas no Senado, que podem dar aos democratas o número de votos suficiente conseguirem aprovar na Casa o destravamento do orçamento. 

Nessa hipótese, porém, Trump ainda poderia vetar o texto.

A primeira hipótese é considerada mais factível -seria a 32ª emergência nacional em vigor no país. Na Casa Branca, autoridades estudam a possibilidade de desviar dinheiro alocado para a recuperação após tempestades e furacões para construir a barreira. Segundo o The New York Times, existe dúvida sobre se é possível fazer isso sem que o presidente declare emergência.

Trump, também nesta sexta, afastou a possibilidade de recorrer à emergência agora. "O que nós não estamos procurando fazer agora é uma emergência nacional. Eu não vou fazer isso tão rápido."

O balanço geral é de que o presidente fez uma aposta política arriscada, da qual pode sair perdedor, avalia Richard Bensel, professor da Universidade Cornell. "A personalidade de Trump produz muitas explosões, ameaças, vai e volta de extremos. Nesse caso, não ajudou muito", afirma.

"Trump se trancou numa posição da qual não pode retroceder. Eu acho que ele não queria estar nessa posição", diz Bensel. Para ele, o mais provável é que, nas próximas semanas, mais republicanos pressionem para que o governo seja reaberto.

Faltou calcular racionalmente as chances de a queda de braço ser bem-sucedida, afirma Bensel. "Ele tem a maioria dos republicanos apoiando-o, adorando-o. Contanto que isso continue verdade, ele vai responder a eles", diz. "Ele não está preocupado com reeleição, e sim que, se ele recuar, vai perder esse público que o adora."

David Schultz, professor de ciência política da Universidade Hamline, em Minnesota, também acredita que Trump estava jogando para sua base ao insistir no muro. O presidente parecia achar que isso seria suficiente para pressionar os democratas.

O professor vê duas falhas na estratégia: a distância para as eleições de 2020 -"é muito cedo para motivá-los"; e o fato de o muro também inflamar os que se opõem ao presidente. "Quanto mais ele é visto como causador da paralisação, pior fica para ele."

Conforme o impacto econômico se aprofunda, mais eleitores que poderiam votar no republicano podem mudar de ideia. "O assunto o fere quanto mais tempo dura e Trump não está oferecendo nenhuma retórica que mostre um caminho para negociar", diz. 

"Ele quer que os democratas desistam e os democratas sabem que, quanto mais tempo esperarem pacientemente, mais isso vai ferir o Trump."

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Troca de tiros em Praia Grande deixa um ferido

O caso aconteceu na área de mata do bairro Quietude, próximo da Rua Amilca Esteves

Diário Mais

Maior reservatório de água do Hemisfério Sul fica na Baixada Santista; conheça

O Reservatório-Túnel Santa Tereza/Voturuá foi construído há 35 anos e abastece Santos e São Vicente. Veja fotos

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter