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Mongaguá

Segundo prefeituras, ressacas não causam grandes estragos na Região

Questionados, maioria dos órgãos respondeu que eventos são pontuais e geram pouco gasto

Vanessa Pimentel

Publicado em 31/07/2017 às 10:00

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Em Mongaguá, diversos trechos do calçadão da orla da praia foram destruídos / Matheus Tagé/DL

Em 19 de junho de 2015, a força da maré destruiu parte das muretas localizadas na ponta da praia, em Santos e atingiu a Avenida Almirante Saldanha da Gama, o que inviabilizou o trânsito por algumas horas. Em abril do ano passado, a cena se repetiu e prejudicou a travessia de balsas. Em agosto do mesmo ano, eventos ainda mais fortes acometeram as cidades da Baixada Santista e acabaram levando embora um dos pontos turísticos mais importantes da Região, o Deck do Pescador, em Santos. Dias após a invasão do mar, muita areia ainda era vista sobre as ruas da Ponta da Praia - bairro mais atingido pela alta da maré - e garagens subterrâneas ficaram debaixo de água, trazendo inúmeros prejuízos aos moradores.  

Dois meses depois, uma nova ressaca atingiu a Região e trouxe mais estragos. Em Mongaguá, diversos trechos do calçadão da orla da praia foram destruídos e uma cratera se abriu no cruzamento entre a Avenida Governador Mário Covas Jr. e a Rua Benedito Calixto, na Vila São Paulo.

Em Guarujá, Itanhaém e Praia Grande, as ondas atingiram os quiosques de algumas praias. O Rio Preto, em Peruíbe, subiu. Em São Vicente, diversas ruas ficaram alagadas e em Bertioga, na região do Indaiá, a água do mar avançou sobre o jardim, atingindo a vegetação e os quiosques.

Neste ano, a última ressaca registrada foi há duas semanas, mas não causou estragos. O problema é corriqueiro e já virou parte da rotina de quem mora na Baixada Santista, mas de acordo com a maioria das prefeituras da Região, as ressacas dos últimos dois anos causaram prejuízos pontuais.

Em Santos, de acordo com a assessoria da Administração, foram gastos entre 2015 e 2017 cerca de R$600 mil para reparar as avarias causadas pelo impacto do mar e não há atualmente nenhuma obra em andamento relacionada aos estragos causados pelo fenômeno. O Deck do Pescador, destruído em 2016 segue interditado.

Ainda segundo as respostas, o processo de erosão na Ponta da Praia se intensificou com as alterações no ambiente natural provocadas por ações humanas, em especial, as de desenvolvimento do Porto. “Solução emergencial não existe. O que a Prefeitura realiza é o engordamento da praia e o enrocamento de rochas, que tem a finalidade apenas da proteção da estrutura urbana”, diz em nota.

Peruíbe informou que as últimas ressacas causaram poucos problemas por lá. “Alguns pequenos trechos da mureta da praia foram quebrados e algumas escadas que permitem descer na areia também. Em um deles, houve a queda de um poste de iluminação”, concluiu sem informar valores.

Itanhaém também respondeu que no período de 2015 em diante, não houve gastos com reconstrução de bens públicos e que a Secretaria de Serviços e Urbanização realizou um trabalho preventivo, adquirindo rochas para a proteção de áreas no entorno das praias, no valor de R$ 89 mil, sem mais gastos.

A Defesa Civil de Praia Grande esclareceu que não tem histórico de grandes eventos relacionados à ressaca na cidade e que o único impacto no período citado foi registrado em novembro do ano passado quando ocorreram danos no playground da faixa de areia, na orla do Bairro Caiçara, porém o custo não foi contabilizado, pois já havia uma reforma programada para o local. No entanto, afirmou que está criando uma comissão especial para a elaboração do Plano de Contingência específico para ressacas do mar e marés altas.

A Secretaria de Defesa e Convivência Social de Guarujá explicou que não há registro de prejuízos volumosos no município em virtude da ressaca e que o fenômeno tem sido mais intenso em outros municípios da Baixada.

Mongaguá reconhece ter sido castigada em outubro de 2016, quando a ressaca destruiu alguns trechos da orla, danificando muretas, passeio e iluminação. A restauração da iluminação ainda está em andamento, apenas no bairro Jussara já foi concluída e o valor gasto no serviço é de R$ 152.343,81.

Já a restauração das muretas, passeio e rampas de acessibilidade estão em processo de licitação e dependem da assinatura do convênio com o DADE – R$ 512.758,75 (passeio e rampas), (R$ 2.221.954,58 – muretas).

Cubatão informou que diferentemente dos demais municípios, o impacto das ressacas não causa, segundo os técnicos da Secretaria de Obras, consequências relevantes que cheguem a onerar os cofres públicos com a necessidade de maiores obras ou estudos.

De acordo com Edilton Barbosa dos Santos, chefe de Divisão de Limpeza Urbana, os problemas que afetam Cubatão não são provocados pela ressaca, mas sim pela maré alta em determinadas épocas do ano. O mais significativo deles é o lixo trazido pela maré. “Em média, nessas ocasiões são coletadas cerca de 65 toneladas de lixo a um custo contratual da empresa que presta o serviço à Prefeitura de R$ 409,15 a tonelada”, justifica Edilton.

Bertioga, através da Secretaria Municipal de Obras e Habitação, disse que na época da urbanização da orla da praia, foram feitas proteções ecológicas que permitiram uma maior segurança na estabilidade da urbanização ao longo dos anos, fato que se consolidou com a própria vegetação de jundu existente.  “Com isso, a Cidade não sofreu impacto relevante ocasionado pelas ressacas nos últimos anos, que tenham provocado obras ou planejamento de intervenções na orla”, diz em nota.

Já a prefeitura de São Vicente informou por meio da Secretaria de Projetos Especiais (Sepes), que nos últimos anos as principais avarias foram causadas em ruas e avenidas e os investimentos no setor foram feitos no recapeamento delas, mas que não possui uma tabela de gastos tabulada, pois não havia um cronograma específico de investimentos para este fim.  

Ainda de acordo com a Pasta, uma das obras mais importantes no combate aos alagamentos provenientes das ressacas é a dragagem e urbanização dos canais da Bacia do Catiapoã.  “As obras em questão – que beneficiam as avenidas Alcides de Araújo e Lourival Moreira do Amaral e estão abandonadas há mais de dois anos – serão retomadas em breve”, garante.

A Secretaria estuda também a retomada do projeto de comportas. É um plano de aproximadamente R$ 16 milhões para executar cinco comportas em algumas das principais avenidas e que está tentando captar recursos com agências de fomento ao desenvolvimento e bancos nacionais para fazer um estudo de macrodrenagem na cidade inteira.

Santos fez parte de estudo internacional sobre avanço do mar

Em 2015, Santos fez parte do Projeto Metrópole que diagnosticou os impactos da elevação da maré em três cidades – Santos, Broward (Estados Unidos) e Selsey (Inglaterra) e teve como coordenador geral do estudo, o cientista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O diagnóstico também envolveu instituições como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Na época, algumas medidas foram apresentadas de acordo com áreas que sofrem mais com as ressacas. Para a Zona Noroeste foi indicado dragagem, sistema de comportas e estações de bombeamento e recuperação de mangue. O custo das intervenções ficou em R$ 201,9 milhões e o prejuízo estimado se nada for feito (somente com imóveis/valor venal) ficou calculado em R$ 236,4 milhões.

Na região que vai da Ponta da Praia ao Embaré, foi indicado o engordamento da praia, muro de proteção e sistema de bombeamento e melhoria de comporta dos canais, com um investimento de R$ 36,5 milhões e prejuízo de R$ 1 bilhão (somente com imóveis/valor venal), se nada for feito.

Após o resultado do estudo em 2015, foi criada a Comissão de Adaptação à Mudança do Clima, composta por todas as secretarias de governo e responsável por criar o Plano Municipal de Mudanças do Clima de Santos. Em dezembro do ano passado, o plano foi apresentado e de acordo com a prefeitura todas as medidas propostas pelo Projeto Metrópole estão sendo colocadas em prática. 

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