Conselheiros protocolam pedido de impeachment de José Carlos Peres

Com 158 páginas e assinaturas de 100 conselheiros (quase um terço do total do clube, sendo 36 efetivos), foi protocolado no final da tarde de hoje (18), na Secretaria do Conselho Deliberativo do Santos Futebol Clube (SFC), uma representação pedindo o impeachment do presidente José Carlos Peres. É o terceiro pedido desde abril deste ano. A representação é encabeçada pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo e conselheiro nato do clube, Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto. Procurada, a Assessoria do Santos informou que Peres vai se posicionar hoje.    

Em entrevista, na porta de entrada do Clube (a Imprensa foi proibida de entrar), Esmeraldo Tarquínio Neto, junto com cerca de 10 conselheiros, disse que Peres possui duas empresas – a Saga Talent Sports e Marketing e Peres Esports e Marketing – que mantém relações empregatícias e judiciais com o Santos, o que é proibido, conforme o artigo 61, parágrafo terceiro, do Estatuto do Santos. A punição é o impedimento ao cargo, previsto no artigo 68, letra “d” da mesma peça estatutária do clube.

Conforme informado, o presidente do Conselho, Marcelo Pirilo Teixeira, terá sete dias para remeter o mesmo à Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS). A CIS, em cinco dias, dará ao representado ciência do processo de impedimento. Peres terá 10 dias, a partir do recebimento do expediente da Comissão, para apresentar a CIS sua defesa e as provas que pretende produzir.

Esgotado o prazo da defesa, a CIS terá sete dias para remeter parecer ao presidente do Conselho Deliberativo, que deve convocar sessão extraordinária do órgão para deliberar sobre o parecer. O que é votado pelos conselheiros é o parecer da CIS. A votação é por voto secreto. Se o impedimento for aprovado no Conselho Deliberativo, deverá ser convocada assembleia geral dos sócios do clube para aprovar a saída por maioria. Ou seja, No fim, quem vai decidir se Peres fica ou não no clube, são os sócios. 

Prova material

“Peres infringiu materialmente o estatuto, que proíbe que qualquer membro do Conselho de Gestão seja sócio de pessoa jurídica (empresa) que negocia atletas. A segunda empresa ainda foi ampliada, permitindo o acompanhamento e a orientação de clubes, além de desenvolver projetos de esportes em geral. Mesmo ele fechando a Saga Talent em maio deste ano, ele cometeu infração estatutária grave”, garante Tarquínio.  

O denunciante questiona como um dos sócios da empresa está reivindicando 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão em uma ação judicial contra o Santos e contra a família do atleta se Peres alega que a vinda dele ao clube foi ‘de graça’? Como a empresa nunca atuou, se na coletiva para falar do caso ele afirma que ajudou muitos meninos? Afinal, segundo a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em comunicado público, mesmo que tenha agido informalmente, ele exerceu, na condição de sócio da empresa, a função de empresários de atletas, o que infringe o nosso Estatuto”, ratifica Tarquínio.

Não revanchismo

Tarquínio detalha garante que não é revanchismo político. “Estou levantando material desde maio e conversando com os conselheiros. São infrações sérias e não podemos ficar fazendo política com o Santos. Não podemos ser coniventes com desobediências estatutárias que podem ter lesado ou lesar o clube no futuro. Não há nada político. A chapa que mais subscreveu o pedido foi a Santástica União, encabeçada à época das eleições pelo atual membro do Comitê Gestor, Andrés Rueda, com 28 assinaturas. Há conselheiros das duas outras chapas também. As eleições já acabaram! O que temos são infrações cometidas contra o Estatuto do clube”, completa.