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Ao falar de pedofilia, Peres diz que mexeu com gente perigosa e cita Escola Base

O presidente do Santos fez questão de dizer que já afastou o funcionário envolvido até o fim das investigações do caso

Folhapress

Publicado em 19/04/2018 às 19:32

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José Carlos Peres, do Santos, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira / Divulgação/Santos FC

O presidente José Carlos Peres, do Santos, concedeu entrevista coletiva para falar sobre a acusação de pedofilia contra o dirigente das categorias de base, Ricardo Marco Crivelli, o Lica. O mandatário santista alega que não pode desassociar o caso com o momento politico do clube. O dirigente alega que mexeu com gente perigosa ao realizar demissões e fechar portas no clube.

José Carlos Peres fez questão de dizer que não está defendendo Lica e lembra que já afastou o funcionário até o fim das investigações do caso. Por outro lado, o presidente santista ressalta que não pode condenar o profissional antes de todas as apurações. Peres utilizou como exemplo em diversas respostas a Escola Base, caso bastante conhecido em que os donos da escola foram acusados de abuso sexual em 1994 e sofreram graves consequências. No final, eles eram inocentes.

Até hoje, o caso da Escola Base é tema de estudos de faculdades de jornalismo, direito, psicologia, psiquiatria e ciências sociais como exemplo de calúnia, difamação, injúria e danos morais.

"O caso do Lica é um que estamos tratando a parte. Está em segredo de Justiça. E está sendo tocado com um corpo de pessoas profissionais. Eles têm toda a metodologia. Não estou otimista. Só sou otimista pela Justiça. Se estiver errado: paga. Se estiver errado: não vou fazer outra Escola Base. Se estiver errado, ele será demitido", afirmou Peres.

Além da investigação dos policiais no caso, o Santos abriu uma sindicância interna no clube para apurar os fatos. Peres é cauteloso, prefere não defender Lica, mas não esconde que desconfia que tudo não passa de um golpe político.

"Não defendi o Lica em momento algum. Conversei com ele e ele jurou que é inocente. Eu falei 'então prove sua inocência na justiça'. Se alguém me acusa, vai ter que provar. Emprego? Não estamos contratando ninguém. Fechamos as portas para empresário do mal. Eu tenho um patrão, que é o Santos. Se usar meu nome eu processo, eu estou no clube há 40 anos. Minha carreira é imaculada", disse.

"O que o Santos fez é o que a lei manda, afasta o funcionário. Não pode demitir pois estaríamos fazendo juízo. A gente abriu uma sindicância interna pra gente fazer um trabalho apurado. Esse é um ato de oito anos atrás, era a gestão do Luis Alvaro. É uma folha de serviços prestados ao Santos, trouxe grandes jogadores ao Santos. não vamos aturar nenhum ato que desabone o Santos", concluiu.

Entenda

Ricardo Marco Crivelli, que coordena a equipe de análise de atletas nas categorias de base do clube, foi acusado de pedofilia. A Delegacia de Repreensão e Combate a Pedofilia, em São Paulo, abriu inquérito para investir o suposto caso de abuso sexual.

Em Boletim de Ocorrência. Lica, como é conhecido o dirigente santista, foi acusado por Ruan Petrick Aguiar de Carvalho, que alega ter sido abusado quando tinha apenas 11 anos de idade.

Ruan relata ter mudado do Pará para São Paulo em 2010, quando se instalou no ginásio do Ibirapuera e sofreu abusos de um empresário. Traumatizado, ele conta que recorreu ao irmão, que o indicou um outro intermediário. Este último o teria apresentado a Lica, então dirigente do Santos. Na casa deste intermediário, identificado como "Luciano", Ruan teria sofrido o abuso.

"Lica passou a aliciar a vítima e passar a mão em seu corpo, pegando em seu órgão genital e iniciando sexo oral, e após alguns dias a vitima foi até o time do Santos, fez uma avaliação e jogou por um ano e meio", diz o boletim de ocorrência. Ruan permaneceu no clube por um ano e meio e, na mudança de categoria, teria protestado contra os abusos de Lica, que então o teria dispensado.

Nas últimas semanas, Ruan teria tentado voltar ao futebol por intermédio do mesmo Luciano, que o indicou Lica -hoje de volta ao Santos. Em depoimento, Ruan disse que a lembrança dos ocorridos o fez tomar a atitude de denunciá-lo.

Por conta das acusações, Lica foi afastado de suas atividades no Santos. O clube alega que tomou esta postura para que o dirigente centralize seus esforços apenas em sua defesa.

A diretoria santista ainda ressalta nos bastidores que o seu profissional sofre de conspiração política, pois o mesmo teria dispensado muitos jogadores de empresários e vetado a entrada de outros atletas no clube. Além de dirigente da base alvinegra, Lica também é sócio do presidente José Carlos Peres na empresa Saga Talent Sports & Marketing.

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