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Cultura

Desfile da Grande Rio não agrada santistas

Reclamações falam da ausência de elementos históricos na Marquês de Sapucaí

Da Reportagem

Publicado em 08/02/2016 às 18:30

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Mesmo ausentes no desfile, Pelé e Neymar foram os grandes destaques da Grande Rio / Antônio Cavalcanti/Riotur

O desfile da Grande Rio atraiu centenas de santistas para a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Com o enredo “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei”, a agremiação carioca homenageou a cidade de Santos. No entanto, o desfile não agradou boa parte dos santistas que assistiram pela televisão a evolução da escola na passarela do samba. Nas redes sociais, o descontentamento e as críticas foram direcionadas às falhas no enredo e à ausência de elementos importantes da história da cidade no desenvolvimento do tema.

A indignação foi grande e motivou os internautas a criar, no Facebook, o evento “Aula da História de Santos pra Grande Rio”. “Teve uma ala e um carro pros Mamonas Assassinas mas Saturnino de Brito que é bom, nadaaaa!”, escreveu a internauta Tássia Prado. A internauta Mariana Freire escreveu: “Fiquei muito decepcionada...Mamonas, Roberto Carlos... afff...E o Monte Serrat ??? O bonde??? Cadê??? Perdi até o pique de torcer...”.

Saturnino de Brito foi o engenheiro sanitarista responsável pela criação dos canais de Santos, um dos principais símbolos da Cidade. Com relação ao cenário musical, os internautas criticaram a ausência de Chorão, já falecido, e da banda santista Charlie Brown Junior, que teve projeção nacional, na evolução do tema.

“Sinceramente, um samba-enredo sobre Santos que não mencione José Bonifácio, Brás Cubas, Plínio Marcos e o quilombo Pai Felipe não faz muito sentido”, escreveu o jornalista Michel Carvalho. Na avenida, a Grande Rio evidenciou a importância da Cidade no período do auge do café. Santos também teve grande destaque no movimento abolicionista no País, mas o período não foi abordado.

“AGrande Rio fez um desfile pobre de conteúdo como já se esperava. Pouco destaque (ou nenhum) para os jardins da orla. Falou de Nossa Senhora no samba, mas não colocou o Monte Serrat em destaque. Os prédios tortos foram esquecidos. Sobre os santistas ilustres, como Plínio Marcos, seria exigir demais. No esporte ficou só no Santos F.C. O Tamboreu, 100% local nem sinal. Foi sofrível, perto dos 15 milhões de verba”, escreveu a assistente social Aline Salinas.

Parte do desfile da agremiação foi custeada pela Libra Terminais, que destinou R$ 15 milhões para a escola de samba carioca. A Prefeitura nega o investimento público na homenagem.

Samba pobre

Em 18 outubro do ano passado, o Diário do Litoral já alertava para a ausência de elementos históricos no samba-enredo da Grande Rio. No Papo de Domingo da ocasião, o professor de história Elenilton Andrade enfatizou as lacunas da canção, dizendo que a mesma era digna de zero.

Entre apontamentos feitos pelo professor estavam José Bonifácio, considerado Patriarca da Independência, Brás Cubas, fundado da Vila de Porto de Santos, Saturnino de Brito, pioneiro da Engenharia Sanitária e idealizador dos canais de Santos, e Patrícia Galvão, a Pagú, que teve grande destaque no movimento modernista. Esses personagens poderiam aguçar a criatividade na formação das alas, além de proporcionar um retrato mais fiel à história da Cidade.

“O samba é pobre, simplório, absolutamente superficial.Vamos perder a oportunidade de mostrar toda essa riqueza ao Mundo por falta de pesquisa. Estou ofendido e acho que muitos santistas também devem estar. Quer mais um exemplo. Quando foi assinada, em 13 de maio de 1.888, a Lei Áurea pela Princesa Isabel, Santos já havia abolido a escravidão, em 1886 (dois anos antes). Princesa Isabel teve a informação que Santos já havia libertado os escravos. A cidade foi pioneira. Santos é parte da história nacional que tinha que ser contada em toda sua plenitude e não dessa forma branda e fraca”, disse o professor na época.

Grande Rio aposta em efeitos especiais

Mesmo com as críticas dos santistas, que sentiram a ausência de elementos históricos e divergências entre o enredo e o desfile, para os críticos de carnaval a Grande Rio fez um desfile luxuoso, com bonitos efeitos especiais.

Para comissão de frente, os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri foram à Argentina buscar a tecnologia para uma imensa bola de futebol, que era inflada e encobria a Fonte de Itororó, atração turística da cidade. No topo, o ator Mateus Renan encarnava Pelé, ora como jogador do Santos, ora como campeão do mundo, com o uniforme da Seleção.

O carnavalesco Fábio Ricardo ao contar história de Santos, transformou Itororó numa fonte de inspiração - teria sido a partir dali, ao beber das suas águas, que Pelé conquistou o mundo. A cidade foi lembrada pela imigração de japoneses, italianos, espanhóis e alemães; pela cultura cafeeira, que impulsionou a cidade economicamente; e pelo porto, o mais importante do País; pelas belezas naturais e o surfe.

Pela contribuição ao esporte, Neymar e Pelé receberam homenagens especiais. Mas nenhum dos dois compareceu ao desfile. Pelé, por ordens médicas. "Ele mandou um vídeo, está andando com apoio de andador", contou o patrono, Leandro Soares. Já Neymar não foi liberado pelo Barcelona, que jogou contra o Levante. A irmã dele, Rafaella, foi destaque em um dos carros.

O Santos mereceu várias menções. Os ritmistas liderados pelo mestre Thiago Diogo vestiam uniforme do clube. Uma enorme bola inflável pairou por sobre a bateria, que fez cinco paradinhas, e teve à frente a atriz Paloma Bernardi. Toda de dourado, ela representava o troféu Tereza Herrera. A torcida santista também ganhou uma ala.

A escola veio recheada de artistas: Susana Vieira, Monique Alfradique, Tayla Ayala, Ana Hickman e Deborah Secco estavam entre as famosas que desfilaram na escola.

Ausência

O pai do jogador Neymar Jr. se disse emocionado por representar o filho no desfile da Grande Rio. "É uma honra, numa grande escola, estar participando e representando o meu filho. É uma emoção muito grande. Primeira vez (desfilando) não é fácil, mas valeu a pena", disse Neymar da Silva Santos após o fim do desfile.

Sobre eventuais contribuições à escola, inclusive financeiras, Neymar pai afirmou apenas que o apoio da família foi "participando".

O desfile da Grande Rio atraiu centenas de santistas para a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Com o enredo “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei”, a agremiação carioca homenageou a cidade de Santos. No entanto, o desfile não agradou boa parte dos santistas que assistiram pela televisão a evolução da escola na passarela do samba. Nas redes sociais, o descontentamento e as críticas foram direcionadas às falhas no enredo e à ausência de elementos importantes da história da cidade no desenvolvimento do tema.

A indignação foi grande e motivou os internautas a criar, no Facebook, o evento “Aula da História de Santos pra Grande Rio”. “Teve uma ala e um carro pros Mamonas Assassinas mas Saturnino de Brito que é bom, nadaaaa!”, escreveu a internauta Tássia Prado. A internauta Mariana Freire escreveu: “Fiquei muito decepcionada...Mamonas, Roberto Carlos... afff...E o Monte Serrat ??? O bonde??? Cadê??? Perdi até o pique de torcer...”.

Saturnino de Brito foi o engenheiro sanitarista responsável pela criação dos canais de Santos, um dos principais símbolos da Cidade. Com relação ao cenário musical, os internautas criticaram a ausência de Chorão, já falecido, e da banda santista Charlie Brown Junior, que teve projeção nacional, na evolução do tema.

“Sinceramente, um samba-enredo sobre Santos que não mencione José Bonifácio, Brás Cubas, Plínio Marcos e o quilombo Pai Felipe não faz muito sentido”, escreveu o jornalista Michel Carvalho. Na avenida, a Grande Rio evidenciou a importância da Cidade no período do auge do café. Santos também teve grande destaque no movimento abolicionista no País, mas o período não foi abordado.

“AGrande Rio fez um desfile pobre de conteúdo como já se esperava. Pouco destaque (ou nenhum) para os jardins da orla. Falou de Nossa Senhora no samba, mas não colocou o Monte Serrat em destaque. Os prédios tortos foram esquecidos. Sobre os santistas ilustres, como Plínio Marcos, seria exigir demais. No esporte ficou só no Santos F.C. O Tamboreu, 100% local nem sinal. Foi sofrível, perto dos 15 milhões de verba”, escreveu a assistente social Aline Salinas.

Parte do desfile da agremiação foi custeada pela Libra Terminais, que destinou R$ 15 milhões para a escola de samba carioca. A Prefeitura nega o investimento público na homenagem.

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