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Cultura

Da Colômbia para a Baixada: a saga de um artista de rua

ARTISTA DE RUA. Colombiano ingressou no Brasil por Manaus e atua há quatro meses nas ruas da Baixada Santista

Rafaella Martinez

Publicado em 13/08/2017 às 11:30

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German Camargo Silva é conhecido por fazer apresentações culturais em diversos pontos da Baixada Santista / Rodrigo Montaldi/DL

O sinal da movimentada Avenida Afonso Pena fecha. Rapidamente, um homem bem vestido leva um praticável pesado até o meio da rua e começa seu show: o bule torna água no balde e, quando parece que ficou vazio, o mágico ‘recoloca’ o líquido. Assim segue o entretenimento simples e que enche os olhos dos motoristas parados no sinal, que costumam retribuir o momento de divertimento com algumas moedas. É dessa forma que German Camargo Silva leva a vida nas ruas da Baixada Santista há quatro meses.

Quando chegou ao Brasil, o artista tinha em uma das mãos a mala e na outra Salvador, sua marionete. O que o colombiano de 52 anos trazia na mente, no entanto, não dá para contar: foi em busca de oportunidade que o chefe de cozinha passou dias em um barco no Rio Amazonas e desembarcou no ano passado em Manaus. A viagem do Norte ao Sudeste durou alguns dias e muitas experiências: da Kombi na qual percorreu o trajeto entre Brasília e Campinas até a descida de bicicleta da grande São Paulo até a Baixada Santista.

“A rua é muito dura, mas o brasileiro é um povo divertido e generoso”, conta sorrindo. É debaixo de uma das árvores do canal 5, onde aproveita para descansar de hora em hora que German nos concede esta entrevista. Com um espanhol latente, fala com carinho da esposa estilista e dos dois filhos que ficaram na ­Colômbia.

“O mais velho está no exército: tenho muito orgulho dele ser soldado. A menina tem 16 anos e minha esposa não veio ao Brasil, pois não se imagina ganhando a vida na rua. O negócio dela é ­elegância”, conta.

A falta de emprego foi o principal motivo que fez German cruzar a fronteira. Na Colômbia, atuou como chefe de cozinha em grandes restaurantes até que a crise o fez migrar para arte de rua. Alguns amigos o ensinaram a arte do ilusionismo e ao lado do inseparável ‘Salvador’, Silva passou a viver da sua arte.

Saga. “Tem sido uma experiência incrível. Chegamos de barco em Manaus, onde tivemos o primeiro contato com o povo brasileiro. De lá fomos para Goiânia e depois para Brasília. Fomos de Kombi até campinas e depois para São José e Rio Preto, até chegar a São Vicente, onde estamos hoje”, conta.
Embora consiga pagar o aluguel e a alimentação, German conta que ainda não consegue grandes quantias de dinheiro. “Somando tudo consigo juntar por dia trabalhado uns R$30 ou R$40. Mas é exaustivo e não dá para ir todo dia para rua”, afirma, acrescentando que há um respeito entre os artistas que ganham a vida na rua.

“Se você chega e já tem alguém naquele semáforo, você sai e busca por outro. Há muito respeito e parceria entre a gente. Conheci nesta semana algumas argentinas que chegaram nessa semana. A vivência dá uma boa história de vida”, finaliza.

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