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Cotidiano

Toninho Vieira: 'Ademário fica metendo emergenciais goela abaixo'

Ele é tucano e, mesmo assim, vem sendo a verdadeira ‘pedra no sapato’ do prefeito de Cubatão, Ademário de Oliveira (PSDB)

Carlos Ratton

Publicado em 14/05/2018 às 09:27

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O Diário conversou com o vereador Antonio Vieira da Silva, o Toninho Vieira / Pedro Henrique Fonseca/DL

Ele é tucano e, mesmo assim, vem sendo a verdadeira ‘pedra no sapato’ do prefeito de Cubatão, Ademário de Oliveira (PSDB). O Diário conversou com o vereador Antonio Vieira da Silva, o Toninho Vieira. Confira os melhores trechos da entrevista:

Diário – O senhor ingressou com requerimento solicitando uma CPI contra o prefeito de seu partido. Por qual razão?
Toninho Vieira –
Desde o início do governo estão sendo feitos vários contratos emergenciais. Eles vão desde manutenção das ruas até merenda escolar. O último, foi de R$ 12 milhões. Isso é muito grave e não posso compactuar com essa situação. Emergencial só em caso de catástrofe, o que não o caso.

Diário – Não dá para apresentar como desculpa o governo anterior, pois Ademário já está quase 18 meses na Administração.
Toninho Vieira –
Exatamente. No início de governo, ele (Ademário) fechou a Cursan (Companhia Cubatense de Urbanização e Saneamento) que prestava uma série de serviços e acabou desempregando centenas de pessoas. Se ele sabia que iria fechar, já deveria ter providenciado as licitações. No entanto, Ademário fica metendo emergenciais goela abaixo.

Diário – A CPI foi ­aprovada?
Toninho Vieira –
Não. 

Diário – O senhor não vem sofrendo represália do ­partido?
Toninho Vieira –
Eu fui eleito para fiscalizar o Executivo e legislar. Tenho que olhar pela cidade, lutar por melhorias. Fiquei mais de um ano tentando apoiá-lo. Mas quando houve a greve dos professores, percebi que não dava mais para seguir junto, mesmo sendo de meu partido. Não se pode reduzir salários de professores, conquistados com muito esforço. Isso é direito adquirido, é contra a lei. Isso não existe. A queda foi de até 50%. Quando você mexe com a Educação, mexe com a vida e o futuro das crianças e jovens. 

Diário – Você vê problema em ter um secretário que agrega várias secretarias?
Toninho Vieira –
O Pedro de Sá é vice-prefeito, secretário de Planejamento, Educação e Cultura. Para quem conhece um pouco de gestão, só planejamento teria serviço demais. Além disso, Pedro de Sá ocupa a Educação. Isso é loucura. Ele (Pedro) vai à Brasília e três secretarias ficam sem comando. Cultura só existe em Cubatão por conta do esforço dos artistas. Não está sendo investido nada em educação e nem em esporte. A cidade está abandonada pelo governo que eu ajudei. Eu cometi um equívoco político apoiando esse governo. Minha esposa tinha um cargo de confiança e eu pedi para ela largar.        

Diário – Você foi o único que votou contra a implantação da taxa de luz, não foi?
Toninho Vieira –
Eu tinha razão e ela acabou baixando. No entanto, continuo fazendo um abaixo-assinado nos bairros e vou recorrer ao Ministério Público. Pela tabela anterior, o cidadão cubatense pagava entre R$ 8,00 e R$ 50,00 mensais. Um absurdo. Depois de muito protesto, inclusive de comerciantes, veio um novo projeto cuja taxa vai de R$ 8,00 a R$ 20,00. Ainda assim, não tem condições. Estamos com 12 mil desempregados em Cubatão. Não dá para pagar mais taxa.

Diário – Ele também deveria ter licitado a iluminação pública?
Toninho Vieira –
Exato. Estamos em maio a CPFL (Companhia Piratininga de Força e Luz) continua gerenciando o serviço. Ele deixou rolar a situação. Isso não existe. Além disso, a manutenção que já era precária, piorou. A empresa recebe entre R$ 240 a R$ 300 mil por mês. Agora, que a taxa passou para os munícipes, a empresa já diminuiu a manutenção. A cidade está às escuras. Então, o morador não vai pagar por algo que recebe. Além disso, a maneira escolhida para fixar a taxa é errada e inconstitucional.

Diário – Além da luz, tem outros itens?
Toninho Vieira –
A limpeza pública. O contrato com a Terracom foi diminuído. A cidade recebe limpeza urbana somente duas vezes por semana. Está imunda. O certo é limpar todos os dias e suspender somente aos domingos. Os próprios públicos (prédios) estão caindo aos pedaços. As escolas estão abandonadas. As unidades de pronto-atendimento também. Nem o Parque Anilinas está sendo limpo. Não mexe em nada feito pelo governo anterior. O viaduto construído no Jardim Casqueiro só atende o pessoal de São Paulo. Temos seis bairros ilhados sem acesso à Rodovia Anchieta. Os veículos travam na marginal. Onde estava o governo municipal que não viu isso.  

Diário – Saúde melhorou?
Toninho Vieira –
Temos pilhas e pilhas de exames a serem feitos na policlínica. Exames estão sendo encaminhados ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santos. Falta material. Tem pessoas aguardando exames para mais de um ano. Ademário fechou o hospital municipal para provocar o governo anterior (do PT), depois reabriu. O hospital está negando atendimento e forçando o Pronto-Socorro a absorver a demanda. O contrato foi de atender 60% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 40% de convênios particulares. Está ocorrendo o contrário.    

Diário – Você votou a favor da retirada de cobradores?
Toninho Vieira –
Votei contra. E foi muito triste para mim. Fiquei sozinho, sabendo que a iniciativa iria colocar mais dezenas de pais e mães de família na rua. São 180 que estão sendo dispensados aos poucos, para esconder o impacto social que a medida causará no Município. Isso não é gestão. A ordem que ele (Ademário) passa para a bancada é salientar o equilíbrio econômico. Isso não existe. A arrecadação vem aumentando. Ele, por exemplo, implantou o diário oficial eletrônico alegando mais transparência mas ocorreu o contrário. As pessoas de baixa renda têm uma Internet rápida e de qualidade. Os idosos pararam de ler e de fiscalizar. 

Diário – Qual será sua alternativa?
Toninho Vieira –
Partido é partido, gestão é gestão. A Polícia Federal está de olho na Administração e o partido não é culpado disso. Eles (governo) alegam que o problema é da gestão anterior, mas eu não acredito nisso. Basta olhar os contratos emergenciais. Fui eleito pela população e vou fazer minha obrigação. Estou desanimado e preocupado com minha cidade. 

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