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Cotidiano

“Quero representar o campo democrático popular”

Vereadora, prefeita, deputada estadual e federal por quatro mandatos, Telma de Souza tem currículo e disposição para buscar novamente espaço político na Câmara dos Deputados

Carlos Ratton

Publicado em 12/03/2018 às 09:25

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Vereadora, prefeita, deputada estadual e federal por quatro mandatos, Telma de Souza tem currículo e disposição para buscar novamente espaço político na Câmara dos Deputados / Paolo Perillo/DL

Vereadora, prefeita, deputada estadual e federal por quatro mandatos, Telma de Souza tem currículo e disposição para buscar novamente espaço político na Câmara dos Deputados. Pré-candidata pelo Partido dos Trabalhadores, ela acredita que pode ser a vertente do povo, num Congresso dominado por bancadas da bala, da bíblia, de ruralistas, de banqueiros e empresários. Confira os principais trechos da entrevista. 

Diário do Litoral – Por que decidiu tentar voltar à Brasília?
Telma de Souza –
Não foi um decisão unilateral. O partido se reuniu na macrorregião e, em função de minha trajetória política, acabei sendo indicada. Sou a única pré-candidata do partido e mulher. Eu quero representar o campo democrático popular na Câmara e hoje reúno unidade e força política para isso como nunca.  

Diário – Existe uma lacuna na Câmara?
Telma –
Sim. Sou indicada pelos movimentos populares, setores progressistas. Estamos sob uma reforma trabalhista nefasta, sob o perigo de outra que é a da previdência. O que vai acontecer? Como os nossos deputados da região votaram e votam? As perdas para os trabalhadores, para o povo estão sendo inúmeras. Alguém tem que representar esse setor político e eu me sinto preparada para isso.  

Diário – Falta mulher na Câmara Federal?
Telma –
Em 1994, éramos 39. Hoje, são só 52 deputadas. Mais da metade da população brasileira é composta por mulheres. Precisamos de representantes que tenham compromisso com a maioria, com os direitos humanos e sociais. Nada pessoal contra nossos representantes atuais, mas eles representam uma fatia da sociedade que não é a minha, que  precisa de voz em Brasília.        

Diário – Apenas 35% das emendas dos deputados da Baixada Santista foram destinadas para a região. Já tivemos em situação melhor?
Telma -
As nossas cidades precisam de mais recursos e a população espera isso de seus representantes. Como deputada federal e estadual agi de forma diferente, destinando os recursos majoritariamente à Baixada. No meu tempo, tínhamos à disposição para a região R$ 2,5 milhões. Eu colocava 95% que me era permitido para a Baixada e Vale do Ribeira. Hoje são R$ 15 milhões. Onde estão os outros 65% (R$ 9,75 milhões)? Temos que priorizar nossa origem e nossas relações políticas. Se você manda a maior parte da emenda para outra região, é porque você, de fato, não representa ou não valoriza a sua. Eu criei as emendas participativas que até hoje ocorrem em meu mandato. O povo escolhe para onde vai o dinheiro. É preciso compromisso. 

Diário – O discurso é que o Governo Federal não repassa verba para o Estivadores. Falta empenho dos deputados?
Telma –
Não podemos ter uma estrutura imensa  mal aproveitada. Já houve uma falha com relação à reforma dos Estivadores. Inicialmente o custo era R$ 25 milhões e, após aditamentos, chegou-se a R$ 60 milhões. Ao final, uma estrutura imensa só para fazer partos. Parto não é doença. Não temos uma UTI. Eu tenho uma marca na área da Saúde. Policlínicas, mudanças relacionadas à Saúde Mental, luta contra a AIDS. Se existe um setor que precisa ser prioritário é o da saúde. Depois vem a educação. 

Diário – Santos é cidade polo.
Telma –
Não podemos esquecer e receber um recursos a mais em função disso. A questão é mais política do que financeira. O governo tem que definir prioridades. Fiz várias audiências públicas que geraram um relatório com 10 propostas para a Administração. Santos já foi referência nacional. Enfrentei problemas enormes e com menos dinheiro. Por que hoje regredimos? Quando a emenda não vem, é porque a política pública não está correta.

Diário – Qual seria uma alternativa?
Telma –
Um consórcio regional. Falta unidade entre os municípios da Baixada para minimizar os problemas da saúde. Para potencializar recursos. Caruara, por exemplo, é atendido por Guarujá e Bertioga. Temos lá uma mini unidade de pronto-atendimento (UPA) que não tem médico. Um desperdício de equipamento, que poderia ajudar a população local. 

Diário – Dá para tirar a drenagem do papel?
Telma –
O Santos Novos Tempos foi dispensado. Falaram em problemas no projeto. Poxa, conserta-se o projeto, mas não perde a verba. As enchentes já prejudicaram e ainda prejudicam a população santista e regional. O Governo não se mobiliza. As pessoas estão ilhadas. Tem gente que não chega no trabalho e nem em casa após ele. É preciso obras na entrada da Cidade, nos bairros. A enchente em Santos é democrática, atinge todos os lugares. Não existe planejamento e nem ação.

Diário – E o túnel entre Santos e Guarujá? Fala-se em R$ 6 bilhões, mas já obtive a informação que ele pode ser realizado por R$ 800 milhões.   
Telma –
Tem dinheiro. Recentemente, a Imprensa publicou que o Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto (operador do PSDB) está sendo investigado em inquérito sob suspeita de ser operador do José Serra em desvios de recursos do Rodoanel.  São 113 milhões na Suiça. O Aluísio Nunes também estaria envolvido por ser padrinho do Paulo Preto. As obras realizadas por esse grupo político, que governa São Paulo há pelo menos 20 anos, são superfaturadas. Não é a toa que as obras são tão caras.

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