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Cotidiano

'Quero lotar um ônibus e levar mulheres para Brasília'

A frase é da professora e militante feminista Aldenir Dias dos Santos, a Dida Dias, pré-candidata a deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

Carlos Ratton

Publicado em 21/05/2018 às 09:22

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Dida Dias é pré-candidata a deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) / Rodrigo Montaldi/DL

A frase é da professora e militante feminista Aldenir Dias dos Santos, a Dida Dias, pré-candidata a deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Formada em História, com mestrado em Educação e doutorado em Ciências Sociais, Dida diz que, se oficializar sua candidatura e for eleita, vai atuar em conjunto com as mulheres excluídas e dividir com elas seu mandato. Confira os melhores trechos da entrevista. 

Diário – Por que decidiu ser pré-candidata?
Dida Dias –
Ser feminista, negra e feminista é um desafio e uma necessidade em minha trajetória de vida, mas a decisão foi coletiva. Precisamos de um mandato que lute pelos anseios das mulheres e contra a exploração e o racismo. 

Diário – Estamos em um momento difícil?
Dida Dias –
O caso do assassinato da vereadora Marielle demonstrou isso. Não podemos eleger qualquer mulher, mas principalmente as comprometidas com os nossos direitos e lutas. Temos grandes feministas no PSOL. Estou há anos nos movimentos sociais, ocupando espaços de discussão das mulheres, dos movimentos negros, do povo pobre, nordestino. 

Diário – Sua luta não é de agora
Dida Dias -
Sou militante desde a década de 80 e desde então venho lutando para diminuir a exclusão social. Venho acompanhando de perto, por exemplo, a perseverança das mulheres do Centro de Santos, das periferias da Baixada Santista. Fui empregada doméstica e com muito orgulho. Portanto, sei como é difícil estudar e transpor o preconceito.

Diário – Você também foi buscar referências fora do País, não é?
Dida Dias –
Sim, fui pesquisadora em Moçambique, onde fui conhecer de perto nossas origens e o povo africano, traficado para o País. Minha militância me permitiu conhecer a cara da pobreza do Brasil, que é negra e feminina. Por isso, sei que precisamos alterar a relação de forças na Câmara dos Deputados.

Diário – A que força você se refere?
Dida Dias –
A formada por uma maioria de homens brancos e conservadores, do agronegócio e do latifúndio. Precisamos equilibrar as forças. No entanto, a batalha não se resume à Câmara. Pretendo, se candidata e eleita de fato, promover um mandato popular, ultrapassar essas barreiras e ampliar as discussões. Porque, lá (Congresso) não avança, não altera, seguram tudo. Vou fiscalizar, cobrar, denunciar e, principalmente, levar os anseios dos menos favorecidos. Quem se afasta do povo se corrompe. Se deslumbra e se afasta das raízes. Tenho 10 irmãos e minha mãe nos criou sozinha. 

Diário – Além da questão social e racial, quais suas outras bandeiras?
Dida Dias –
A da organização das mulheres e das políticas públicas para as questões da educação, da saúde, assistência social e da segurança. Tanto na formação de profissionais, como na fomentação de projetos que diminuam a desigualdade e a vulnerabilidade das mulheres negras e pobres, que formam uma população de trabalhadoras e usuárias do sistema público. Com o congelamento de investimentos na área da saúde, educação e social, a situação dessas mulheres irá piorar. 

Diário – A Reforma Trabalhista penalizou a todos, não?
Dida Dias –
Mulher grávida ser obrigada a trabalhar em locais insalubres foi um atraso imenso. Não que isso não ocorresse, mas agora foi autorizado. Isso passou porque faltou deputados comprometidos. Os poucos que resistiram, não tiveram força suficiente para bloquear esse e outros absurdos. Quem são nossos representantes em Brasília?

Diário – Temos muitas mulheres morando precariamente.
Dida Dias –
Temos imóveis vazios e pessoas morando no mangue, em palafitas, em cortiços insalubres e em locais vulneráveis ao tempo, enchentes, enfim. Precisamos de deputadas feministas, negras e de esquerda. Essas três palavras demarcarão meu possível mandato. Eu não vou legislar sozinha. Quero lotar ônibus e levar mulheres de luta para Brasília, nas grandes discussões. O salário de deputada servirá também para isso. Quero ser uma das vozes. Sozinha não conseguirei nada. Quero representar as mulheres que não conseguem assistência digna no posto de saúde, não têm habitação e empregos decentes, que não conseguem estudar, onde deixar os filhos, enfim. Também farei um trabalho voltado à área ambiental e indígena. 

Diário – Você é promotora legal popular?
Dida Dias –
Sim, sou coordenadora em Santos. Por intermédio de palestras, alertamos as mulheres sobre seus direitos e as formamos sobre como funciona a sociedade. O foco é a violência contra a mulher. 

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