X

Cotidiano

Quanto custa comer no centro de Santos?

O DL percorreu a Rua Quinze de Novembro para verificar o valor do ticket médio gasto na hora do almoço e as opções oferecidas pelos restaurantes

Vanessa Pimentel

Publicado em 24/09/2017 às 10:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Quem procura restaurantes na Rua Quinze de Novembro encontra pratos que vão de R$200 a R$9,99, de acordo com o estabelecimento escolhido e os ingredientes / Rodrigo Montaldi/DL

O Diário do Litoral visitou alguns restaurantes do centro histórico de Santos localizados na Rua Quinze de Novembro, uma das mais movimentadas do local, para saber quanto custa uma refeição completa na hora do almoço. De acordo com os comerciantes entrevistados o preço varia, em média, de R$27 - em restaurantes mais próximos a Bolsa do Café e com refeições que oferecem ingredientes mais refinados – a R$9,99 o prato feito e “bem servido”, como afirma a propaganda.

Miguel Duarte, há cinco anos, está à frente do bar e restaurante Porto Brasil. O estabelecimento oferece mais de 90 opções de pratos que vão desde o tradicional PF até a especialidade banhada a frutos do mar.

Ele informa que a média de clientes diários chega a 100 e a maioria escolhe pelas opções oferecidas no dia.

“Sempre temos quatro pratos tradicionais, sendo um deles na promoção com 15% de desconto. Em relação a gastos, gira em torno de R$20 a R$33, com um ticket médio para o restaurante de R$27”, explica Miguel.

Outra tendência observada pelo comerciante é relacionada à quantidade de comida no prato. “As pessoas estão comendo menos, principalmente as mulheres”, diz.

Para não perder a qualidade, nem desperdiçar comida e cobrar um preço justo, o restaurante passou a oferecer pratos “kids”: ao invés de dois medalhões de filé mignon, um só com metade da quantidade dos acompanhamentos.

“Para quem não come muito, mas não quer abrir mão de comer bem e ir além das saladas, pode optar por qualquer prato em tamanho kids, com preços entre R$15 com frango e R$25 com mignon”, detalha.

Luiz Araújo, proprietário do bar e restaurante Bodegaia, investe em pratos feitos e no atendimento rápido. “Tem vezes que o pessoal da empresa liga antes de vir, daí passo as opções do dia por telefone, eles escolhem e nós já vamos preparando. Quando eles chegam é só comer. Eles ganham tempo e nós ganhamos na qualidade do atendimento”, explica Luiz.

Entre as opções diárias estão escondidinho de frango e contrafilé com arroz e fritas. Os pratos especiais ficam por conta da vaca atolada e da feijoada servida às quartas-feiras.

A alternativa encontrada pelo comerciante para atrair clientes que gostam de comer bem, mas economizar é oferecer pratos que possam ser divididos por mais pessoas.

“A meia feijoada sai por R$51, mas pode ser dividida por três, o que dá R$17 para cada um. Dessa forma a pessoa come bem e não gasta muito”, cita Araújo, confirmando que o ticket médio em seu estabelecimento também gira em torno de R$27.

Atualmente, o prato mais caro do restaurante é o camarão quatro queijos que custa R$202, mas serve cinco pessoas. “Geralmente sai na sexta-feira, quando o pessoal já está no clima de final de semana”, brinca Luiz.

Há quem não goste de gastar com o almoço mesmo que receba um vale refeição condizente com os preços dos restaurantes mais tradicionais do ­centro.
É o caso de Thainá Monteiro que ganha por dia R$36 para almoçar. “Eu gosto de ir a um restaurante chamado Alecrim. Lá é self service, não gasto mais que R$15 e se levar mais três pessoas, o suco é cortesia”, explica.

A empresa em que trabalha é pequena e de acordo com ela os 80 funcionários não têm costume de levar ­marmita.

Para quem gosta de comida japonesa, o Atami, presente no centro histórico desde 2004, tem o quilo mais barato da cidade, segundo a proprietária Hiromi Sassaki.  O ticket médio registrado por ela é um pouco mais alto e chega a R$32, porém, se comparado aos outros restaurantes do ramo, ganha da concorrência.

“Para atrair a clientela nós oferecemos pratos promocionais nas segundas e terças-feiras e o missoshiro é cortesia”, afirma Hiromi. O cardápio também foi inovado e ganhou a opção das saladas orgânicas.

Mais a frente, o restaurante Lisboa Antiga, localizado em um grande salão composto por mesas e cadeiras plásticas, oferece variadas opções no self service. Na porta, a placa anuncia: “PF por R$13,90 / Marmitex por R$10”.

Já o restaurante e marmitaria Dona Maria oferece todos os dias 10 opções de prato feito a R$9,99 que vão de strogonoff a peixe com molho de camarão.  

Saída de empresas do centro da cidade preocupam comerciantes

Durante a reportagem, todos os comerciantes entrevistados foram unânimes em dizer que a saída de grandes empresas do centro histórico é um fator preocupante para a continuação dos negócios.

“Antigamente, às sextas-feiras o pessoal fazia fila aqui no restaurante para comer camarão à grega. Hoje isso não acontece mais”, lamenta Miguel, do Porto Brasil.
De acordo com ele, 70% dos seus clientes atuais são funcionários da nova sede da Petrobrás, no Valongo.

“Nos últimos dois anos dá para dizer que houve uma queda de 20 a 30% do movimento e esses 70 a 80% que ainda almoçam pelo centro consomem 20% a menos no valor das refeições”, explica.

Luiz Araújo confirma a estimativa e acrescenta que a queda também foi sentida no happy hour. Para atrair o público, o Porto Brasil e o Bodegaia se juntaram para produzir as noites de sexta-feira com samba, MPB, drinks e porções.

De acordo com a Prefeitura de Santos, o centro abriga atualmente 2224 empresas e 144 restaurantes, mas só neste ano, 163 empresas encerraram suas atividades e 77 saíram do centro para outros bairros.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Variedades

Santos recebe exposição 'Mostra Museu'

Evento traz 200 obras assinadas por artistas de 40 países

São Vicente

São Vicente utilizará plataforma de inteligência no combate à criminalidade

Sistema Detecta integra dados de pessoas com histórico de infrações em outras cidades

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter