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Cotidiano

Prefeitura cobra União por sua parte na nova Entrada de Santos

As modificações da nova entrada da cidade pretendem não só acabar com os alagamentos da região, como também melhorar o fluxo de veículos

Caroline Souza

Publicado em 30/09/2018 às 08:06

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Administração Municipal afirma que o Governo Federal não iniciou os ­projetos até agora / Paolo Perillo/DL

Se por um lado Prefeitura e Estado já estão com seus projetos em andamento para a Entrada de Santos, a União ainda não fez sua parte. Quem acusa é a Administração Municipal, que afirma que o Governo Federal não iniciou os ­projetos até agora.

As modificações da nova entrada da cidade pretendem não só acabar com os alagamentos da região, como também melhorar o fluxo de veículos da conexão porto-cidade. É neste item que está a responsabilidade da União, cuja parte inclui obras dos viadutos ligando a via Anchieta à Avenida Augusto Barata (Portuária), obras de conexão direta do porto e integração de soluções do modal ferroviário e dos terminais de caminhões na área do Saboó.

“Da obra da Ecovias sairiam dois grandes viadutos ligando a Augusto Barata. Dessa forma, não dependeríamos apenas do acesso da Alemoa. Isso foi acordado em 2015”, esclarece o arquiteto Wagner Ramos, gerente da Unidade de Gerenciamento do Programa Nova Entrada de Santos. “A Prefeitura e o Estado já iniciaram suas obras. E a União nada”, complementa.

Como gestor do projeto, Wagner afirma acompanhar todas as discussões e reclama da falta de empenho do Governo Federal. Segundo ele, a União tem apenas um primeiro desenho do projeto. “O projeto executivo e as aprovações ambientais levam tempo, estamos fazendo isso desde 2015 e o Governo Federal ainda tem essa tarefa”.

Questionado, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação afirmou à reportagem do Diário do Litoral que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) é a responsável pela realização do projeto, bem como sua licitação. O Ministério afirma ainda estar buscando alternativas para inserir o empreendimento em seu ­orçamento.

Ao contrário do que afirma o gestor, a Codesp declara que o projeto funcional do novo acesso ao Porto já foi concluído.

“Tal projeto é composto por uma segunda ligação rodoviária entre a Via Anchieta e a Av. Augusto Barata, além de um conjunto de vias em área portuária para distribuição dos acessos aos diversos terminais da região da Alemoa e do Saboó. Será um sistema de viadutos e elevado que servirá para transpor os pátios ferroviários existentes, bem como áreas de expansão projetadas para esse modal, com objetivo de eliminar os indesejáveis cruzamentos rodoferroviários existentes.”, diz, em nota, a Codesp.

Ainda segundo a empresa, foram realizadas tratativas e apresentações do projeto funcional junto às concessionárias ferroviárias, Conselho de Autoridade Portuária, Ministério Público de SP, Secretaria de Logística do Estado de SP e Secretaria de Portos, Indústria e Comércio da Prefeitura de Santos.

Além disso, afirma que o projeto da Ecovias - responsável pela parte do Estado - impacta diretamente o novo acesso ao porto, pois utiliza traçado similar de transposição do terreno da extinta RFFSA, cuja cessão do terreno a estatal afirma estar tratando com a SPU. Esse seria então o motivo pelo qual a Codesp alega ainda não ter dado continuidade ao projeto.

“Estamos realizando estudos e reuniões técnicas para compatibilização dos projetos de forma a viabilizar os dois empreendimentos”, finaliza a nota.

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, já havia afirmado, em coletiva realizada no final de agosto, que “o projeto é um acordo de cooperação entre Município, União e Estado” e que “o Governo Federal ainda não deu início ao projeto”.

Apesar da resposta da Codesp, Wagner reitera que o que a Codesp tem é um layout, não um projeto. “O layout está muito bem feito, mas estamos esperando e os discursos não mudam”.

Ramos esclarece que a solução para o Porto é 50% de responsabilidade do Município e do Estado e 50% da União, porque a maior chave deste projeto é a conexão da Anchieta para o Porto. “A conexão da cidade vai estar de acordo, mas a ligação do Porto não. Se houver outro acidente na Alemoa, vamos ter o Porto parado novamente”.

O acidente ao que o arquiteto se refere é o incêndio nos tanques da empresa Ultracargo, no bairro da Alemoa, em abril de 2015, que trouxe à tona novamente a discussão por melhorias e rotas alternativas para chegar à margem esquerda do Porto de Santos. As chamas duraram nove dias e, além de atrasar a movimentação no Porto, geraram um prejuízo de, pelo menos, R$ 20 milhões.

A Ecovias também se manifestou dizendo, em nota, que os projetos para interligação entre as rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni - que conectarão as margens direita e esquerda do Porto de Santos - estão sendo realizados dentro do previsto e com participação de todos os envolvidos, inclusive da Codesp. “Estes projetos estão sendo desenvolvidos de forma a compatibilizar as características de todas as áreas adjacentes e a estimativa é de que sejam apresentados à Artesp ainda este ano”.

De acordo com a Prefeitura, as obras do Estado e do Município serão concluídas em três anos e meio. “Se a União começar hoje, só de projeto executivo levaria uns dois anos para aprovar, além de mais três para terminar as obras. Estamos falando de cinco anos”, alerta ­Ramos.

Enchentes

Apesar da principal parte da União estar relacionada à conexão ao porto, Ramos afirma que eles precisam resolver as travessias das drenagens abaixo da linha férrea e da travessia da Augusto Barata, que também estariam sem solução. “O que o Estado e o Município vão fazer vai melhor muito a questão das enchentes, mas ainda vão restar tarefas para União”.

Segundo o arquiteto, para resolver o problema da inundação será necessário construir uma estação de bombeamento. O projeto está sendo executado pelo Estado. A estação deverá ficar localizada ao lado do supermercado Assai, cuja área pertence ao governo estadual.

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