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Cotidiano

Mudança de sede preocupa pais de alunos do Projeto Guri

LIMITAÇÕES. Responsáveis afirmam que alteração para a Cadeia Velha implicará na saída dos alunos do projeto

Rafaella Martinez

Publicado em 28/02/2017 às 11:00

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Distância de 6,1 km impossibilita o deslocamento de Artur, Mirella e Pietro até o novo espaço; cerca de 300 crianças frequentam as oficinas do Guri na Zona Noroeste / Rodrigo Montaldi/DL

A ida do Projeto Guri para a Cadeia Velha preocupa não apenas a classe artística de Santos, mas também os pais e responsáveis pelos mais de 250 alunos que frequentam, desde o início do ano passado, os cursos de formação musical oferecidos pelo programa. Eles afirmam que a alteração na sede implicará na saída dos alunos do Guri, uma vez que a distância de aproximadamente 6,1 km impossibilitará o deslocamento até o novo espaço, principalmente para as famílias de baixa renda.

“Em janeiro uma amiga foi fazer a matrícula da filha e foi informada sobre a mudança. Ficamos confusos, pois havíamos feito a rematrícula em outubro passado e estava tudo certo. Fomos questionar e uma equipe do Projeto Guri de São Paulo agendou uma reunião com mais de 50 pais, onde informou a mudança com o argumento de que ‘a cadeia era melhor’. Mas é melhor para quem?”, indaga a dona de casa Lilian Leopoldina, mãe do menino Pietro, que frequenta o curso de violino há um ano.

A cuidadora Roseane Pinheiro afirma que, com a mudança, não conseguirá manter a filha Mirella, de 9 anos, no mesmo curso. “Não tenho como arcar com o custo das passagens de ônibus para a Cadeia Velha.

Sem contar que, pelo horário, não tenho como levar e buscar minha filha no Centro de Santos por causa do trabalho. Lamentamos demais essa mudança e pedimos encarecidamente para que um polo do Guri seja mantido aqui na Zona Noroeste. Nossos filhos já não têm muitas opções de lazer e agora, quando 300 crianças acham uma ocupação sadia e se apaixonam pela música, querem tirar isso delas”, desabafa.

O anúncio da mudança do Guri para o prédio histórico da Cadeia Velha foi feito na segunda semana de janeiro, em coletiva de imprensa do atual secretário de Cultura do Estado, José Roberto Sadek. Na semana passada o vereador Adilson Junior protocolou um requerimento na Câmara questionando qual projeto será oferecido para a comunidade em substituição ao Guri.

Alessandra Gerisani destaca ainda que, mesmo sem considerar o gasto com o transporte público, a alteração é prejudicial. “As crianças precisam de algo que funcione aqui, na região onde elas moram e passam a infância. Quando o Guri saiu da Arena Total e veio para o sambródomo apenas 10 alunos vieram junto. Agora querem fazer isso de novo. É uma pena não darem a atenção que esse projeto merece. É uma pena anunciarem a abertura de 245 vagas, quando outras 300 crianças perderam a oportunidade de continuar no projeto. As crianças mais carentes certamente terão que abandonar uma iniciativa tão bonita que mudava a realidade delas”, afirma a dona de casa, mãe do menino Artur Nogueira, de 10 anos, que desde o começo de 2016 participa dos cursos de violão e coral do projeto.

A expectativa do pequeno Pietro Carvalho é que ao menos parte do projeto continue funcionando na Zona Noroeste. “Quando crescer eu quero ser bailarino profissional e violinista. Gosto muito das aulas e dos amigos que fiz. Não quero parar de ir para lá”, afirma o menino, com seu violino a postos.

Audiência pública discute uso da Cadeia Velha

No próximo dia 10, às 19 horas, no Teatro Guarany – Praça dos Andradas, Centro - será realizada a primeira audiência pública para rediscutir a possibilidade da Cadeia Velha voltar a ser um centro cultural e não escritório da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), como já definiu o Governo do Estado, com apoio dos secretários municipais de Cultura da região.

No mesmo dia e horário, ocorrerá a primeira reunião da Comissão Especial de Vereadores (CEV), proposta pelo vereador Chico Nogueira (PT), que contou com a assinatura de 18 dos 21 parlamentares, para discutir a questão. A audiência também é uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), que apoia o Movimento Cultural de Santos e Baixada Santista, que almeja retomar o espaço para os artistas.

No começo do mês, dezenas de artistas compareceram ao Legislativo para apoiar a criação da CEV. O documento do Conselho Municipal de Cultura repudiando o Estado pela falta de compromisso com a Cultura foi lido em plenário. A retirada do Projeto Guri da Zona Noroeste também foi duramente criticado.

A ação de Chico Nogueira e dos artistas é um reflexo de uma reunião fechada e sem alarde, realizada no final do mês passado, envolvendo dirigentes da Agem e cinco secretários de cultura - Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão – em que ficou definido que somente duas celas serão destinadas às atividades e cursos dos artistas da região.

Transferência será positiva, diz assessoria do Projeto Guri

Em nota, a assessoria de imprensa do Projeto Guri afirma que, com a transferência para a Cadeia Velha, no centro e ao lado da rodoviária, o acesso de estudantes de outras cidades da Baixada Santista será facilitado.
“Além disso, por conta do uso do sambódromo durante o Carnaval, o polo de Santos era o único de São Paulo a ter as aulas iniciadas apenas em março. Agora, o calendário poderá ser regulado com o do restante do programa”, destaca a nota.

A assessoria destaca ainda que no entorno da Cadeia Velha existem três comunidades em situação de vulnerabilidade, o que acentuará o papel de inclusão social do ­programa.

Questionada sobre a possibilidade de outras oficinas de formação musical funcionarem no espaço, a Prefeitura de Santos afirma que o Centro Cultural está com atividades suspensas para desmontagem da estrutura do Carnaval. Após o retorno das atividades, a ­programação será ­definida

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