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Cotidiano

‘Momento é bom, mas nem todos podem ser franqueados’

Com um País em crise e muitos desempregados, adquirir uma franquia pode ser um bom negócio. Mas é preciso ter perfil adequado e saber escolher a melhor opção para não perder dinheiro

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 22/11/2015 às 01:47

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O momento é delicado. A crise política e econômica que afeta o País está aumentando o custo de vida do brasileiro, reduzindo salários e colocando milhares de trabalhadores na rua. É neste momento de transição e dificuldade que muitos pensam em sobrevoar novos ares. A franquia está entre as opções mais procuradas, mas será que é o momento de investir?

Para falar sobre o assunto, o Papo de Domingo de hoje é com a advogada Melitha Novoa Prado, consultora jurídica especializada em relacionamento de redes de franchising e varejo.

Melitha acredita que este é bom momento para se pensar em uma franquia, mas alerta para os cuidados que o interessado deve tomar para não perder dinheiro. Informação, conhecimento e perfil empreendedor é o que um possível franqueado precisa para ter sucesso no negócio pretendido, além de paciência para saber escolher o tipo certo de franquia.

E a especialista alerta: na crise, franquia é boa opção para quem tem perfil de franqueado – e não para aqueles que precisam “comprar um emprego”. “Nem todo profissional tem perfil para o negócio. Achar que investir em uma franquia é a solução para a perda do emprego pode ser um problema, porque ser funcionário é bem diferente de ser franqueado”, alerta Melitha.

'O treinamento da franquia não substitui talentos, ele potencializa' (Foto: Divulgação)

Diário do Litoral - O Brasil passa por uma de suas piores crises financeiras. É hora de investir em franquias?
Melitha Novoa Prado -
Os possíveis investidores em franquias precisam tomar cuidado neste momento de crise política e econômica, mas podem realmente pensar em investir em uma franquia que lhe dê segurança em relação aos números e em relação ao estudo econômico de viabilidade financeira. É preciso conversar com os franqueados da rede para entender o momento do franqueador em relação ao mercado para não perder dinheiro lá na frente. Deve-se evitar qualquer processo de seleção relâmpago, evitar qualquer tipo de venda coersitiva de franquia, evitar qualquer tipo de processo de seleção que provoque uma decisão rápida para que se possa tomar a melhor decisão com o maior e o melhor número de informações possível. Agora é hora de se aprofundar nas informações, aprofundar nos números, nos dados e em todo tipo de conhecimento que você pode ter em relação àquele negócio desejado.

DL - Quais cuidados uma pessoa que pretende investir em franquias deve tomar?
Melitha -
Primeiro, conhecer o sistema de “franchising”, avaliar o perfil para saber se realmente deve ser um franqueado. A pessoa precisa entender o que é um franqueado, o que é ser um. Precisa saber se tem algum problema em seguir regras e obedecer padrões. Fazer uma investigação completa antes de investir, conhecer a franquia, ter acesso a todas as informações que realmente embasem a uma decisão racional em relação ao negócio pretendido. Agora é hora de receber as informações corretas, validar estas informações com outros franqueados da rede, para não perder ou participar de processo de seleção sem estar preparado. Ir sempre atrás de conhecimento. Entender o que é uma franquia é muito importante.

DL - Todos os tipos de franquias são viáveis para este momento de crise?
Melitha -
Acho que não importa o tipo de franquia. Alimentação, por exemplo, sempre foi uma franquia que teve retorno rápido. Vestuário já faz anos que é lento. Área de serviços tem crescido bastante. Mas acho que a questão do momento é você poder investir em uma franquia de produtos necessários, de serviços necessários. Porque tudo o que é supérfluo vai ficar um pouco de lado, pelo menos nestes próximos dois anos. Então, se você puder investir em franquias onde tenham bens duráveis, onde sejam bens de consumo necessários, a vantagem de sobrevivência será maior. Mas isso não é uma garantia. É uma questão de analisar, identificar um nicho de mercado e poder participar. O tipo de franquia vai depender muito do projeto e do modelo de negócio que  o franqueador está franqueando.

DL - Quais são as principais características que uma pessoa precisa ter para obter sucesso em uma franquia?
Melitha -
Ser uma pessoa proativa, arregaçar as mangas, ter vontade de trabalhar, ter brilho nos olhos, entender o que é ser franqueado, se conformar às regras e aos padrões, ter um perfil colaborativo, ter um bom relacionamento com o nível hierárquico superior e inferior, ser um bom motivador. Alguém que entenda de pessoas, de números, de financeiro. Hoje, o tipo de franqueado exigido pelo mercado para ter sucesso é um perfil abrangente, uma pessoa com postura de empreendedor com o mínimo de conhecimento em relação aos velhos aspectos de liderança. É importante a pessoa analisar se ela tem tudo isso; de que forma, como e quando ele poderá obter da franqueadora para não pensar que, por ser franquia, ele vai substituir qualquer talento que ele não tenha. O treinamento da franquia não substitui talentos, ele potencializa.

DL - Quais os processos burocráticos que o interessado deve enfrentar ao escolher uma franquia?
Melitha
- Desde preenchimento de perfil, de cadastro, ficha de pré-qualificação, participação em entrevistas. Vai ter que fornecer referências bancárias, comerciais e pessoais, vai apresentar uma série de documentos documentos, imposto de renda, até mesmo para a assinatura do contrato. Isso depende muito do franqueador. Cada franqueador tem um nível de documentação necessário. O importante é que o interessado saiba que ele, de alguma forma, está sendo investigado. Ele vai ter que fornecer todas as informações e documentos que o franqueador entender que sejam suficientes para o seu processo de seleção, desde documentos pessoais até certidões.

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