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Cotidiano

Jovens do Caruara não têm transporte municipal

Situação. Praticamente inviabiliza estudo, trabalho e lazer, inclusive de trabalhadores da região continental

Carlos Ratton

Publicado em 24/07/2017 às 10:30

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“O intermunicipal demora muito e não tem wi-fi e nem ar-condicionado. As passagens são caras e a baldeação é grande e demandando um tempo enorme na locomoção de um município para outro da região”, diz o conselheiro Henrique Pabst / Rodrigo MOntaldi/Diário do Litoral

Uma realidade que a maioria dos santistas desconhece. A falta de transporte público municipal no bairro do Caruara e em outros localizados na Área Continental de Santos está praticamente impedindo que centenas de jovens tenham acesso ao ensino superior, à cultura e ao lazer, fundamentais na formação técnica e profissional.

A situação, que também atinge a classe trabalhadora daquela região do município, foi revelada por intermédio de um relatório de mais de 70 páginas, repletas de fotografias e lacunas administrativas, do Conselho Municipal da Juventude de Santos.

A informação foi também confirmada pela conselheira tutelar Roselaine Florêncio, que aponta prejuízo aos jovens que atuam por intermédio do Círculo de Amigos dos Menores Patrulheiros (Camp).

Somente como exemplo. Enquanto um estudante da Área Insular gasta R$ 7,90 para ir e voltar da faculdade, outro, da Área Continental tem que desembolsar cerca de R$ 21,00 (três vezes mais).

O estudante universitário da área insular ainda possui uma vantagem a mais: o passe escolar (que permite 50% de desconto) para viajar com wi-fi e ar-condicionado. Já o do Caruara tem que pegar várias conduções para acessar a faculdade.        

Av. Ana Costa

O relatório realizado pelo Conselho enfatiza que qualquer cidadão santista que mora na Área Continental e que deseja ir à Avenida Ana Costa, por exemplo, tem que pegar um ônibus intermunicipal e se dirigir para Cubatão ou para o Guarujá, para depois ir para a área insular da cidade de Santos.

Se for por Guarujá, é tarifa do ônibus intermunicipal, da barquinha e tarifa do ônibus municipal. Neste sentido, a região da Área Continental de Santos precisa ser atendida pelo transporte público municipal, uma vez que tais bairros estão localizados no território da cidade.  

Entre os bairros

Os conselheiros relatam que muitos jovens têm dificuldades até para circular entre os bairros da Área Continental seja para ir ao colégio, para trabalhar, entre outras questões.
Eles revelam que não existe um transporte público eficiente entre os bairros, demanda que poderia ser suprida por vans, conforme ocorre nos morros.

O conselheiro Henrique Lesser Pabst, um dos responsáveis pelo Projeto Conselho Itinerante, é enfático. “O intermunicipal demora muito e não tem wi-fi e nem ar-condicionado. As passagens são caras e a baldeação é grande, demandando um tempo enorme na locomoção de um município para outro. Não só os jovens, mas todos os moradores reclamam muito desse problema”.

Henrique Pabst disse ainda que a situação já foi apresentada em reunião do Conselho e sua solução já está sendo cobrada da Prefeitura. “Não dá para ficar gastando cerca de R$ 20,00 por dia”, completou.

Conselheira

Citada no início da reportagem, a conselheira Roselaine diz que a situação é semelhante em Monte Cabrão e no Vale dos Quilombos, também bairros de Santos.

“Por não ter transporte municipal, os técnicos têm que usar carros próprios. Os jovens aprendizes do Camps sofrem demais e os que cursam o Ensino Médio também. Tem jovens que estão buscando trabalho na Riviera de São Lourenço, em Bertioga”, completa.

Defensoria

Vale lembrar que, no ano passado, a Defensoria Pública obteve do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) uma liminar (decisão provisória) que determinou à Prefeitura de Santos e o Governo do Estado garantissem o transporte escolar para uma aluna, moradora do Vale dos Quilombos, que cursava o Ensino Médio. A Prefeitura está cumprindo a decisão.

Prefeitura

Sobre o tema, a Prefeitura informa que existe sistema de travessia por barca que atende a Ilha Diana e que, há três anos, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) ampliou a oferta de horários de viagens para o bairro e passou também a atender o Monte Cabrão, com passagem a R$ 0,50 (incluindo ida e volta).

Ainda conforme a Administração, a CET fez testes para estender o serviço até Caruara, contudo o tempo de viagem, superior a duas horas, inviabilizou a iniciativa pelo mesmo sistema de barca.

“No momento, a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) estuda uma proposta de transporte aquaviário regional, contemplando o deslocamento dos moradores de Caruara. Quanto ao transporte rodoviário, por ter que acessar outra cidade, só pode ser operado pelo sistema intermunicipal”, finaliza nota.

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