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Atualmente há 13 estabelecimentos comerciais regularizados na Ilha Porchat, entre hotéis, restaurantes e casas noturnas / Rodrigo Montaldi/DL

O ano era 1957. Começava a ser construída - aos pés do morro que outrora havia servido para garantir a segurança dos moradores da baía de São Vicente - a primeira edificação do Ilha Porchat. O antigo Cassino erguido na região deu lugar ao Ilha Porchat Clube, pioneiro na cidade e responsável por projetar São Vicente à nível nacional com o programa ‘Ilha Porchat na TV’ e com o luxo da tradicional festa pré-carnaval dos Mares do Sul. 

Ao redor do clube, outras casas noturnas surgiram e fizeram história: o Juá, que só aceitava a entrada de casais para uma noite romântica; a The Club, umas das primeiras casas GLS da Baixada, e o Restaurante Terraço, que proporciona uma vista privilegiada da cidade.

Cada vez mais distante dos tempos áureos, a charmosa ilha da primeira cidade do Brasil padece com o abandono e o declínio de seus empreendimentos. Ruas repletas de mato, estruturas abandonadas e o silêncio em espaços onde outrora era possível escutar a badalação de toda uma geração. 

Na visão de André Luiz Jesus Pereira, presidente em exercício do Ilha Porchat Clube, a situação pode ser explicada por diversos motivos. Um deles é a mudança no perfil do público que frequentava as Casas Noturnas do bairro e outro é a falta de apoio do Poder Público.

“O Clube, como todos os grandes espaços do gênero, sofreu com a crise econômica e a mudança de hábitos. Aqui, especificamente, sofremos também com a pressão imobiliária, pois estamos em uma das áreas mais cobiçadas da Baixada Santista”, conta.

De acordo com ele, foi preciso fazer parcerias para garantir a manutenção do espaço.

Antigo frequentador das casas noturnas da ilha e hoje presidente do mais tradicional clube da região, André lembra com saudosismo da juventude e das vivências que teve no lugar que já foi a área mais luxuosa da Baixada. “Em curto prazo não vejo um cenário muito otimista. Falta vontade política, fôlego e investimentos para que a noite na Ilha Porchat retorne. Somos uma cidade turística que não sabe desenvolver toda a capacidade que tem”, afirma.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente destacou que atualmente há 13 estabelecimentos comerciais regularizados na Ilha Porchat, entre hotéis, restaurantes e casas noturnas. Desde o início do ano passado, o local recebeu nova iluminação pública e o recapeamento asfáltico em diversos trechos. Agora, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedup) trabalha na reforma das muretas de proteção dos acessos principais, a fim de dar mais segurança à população.

Já a Secretaria de Habitação (Sehab) trabalha na contenção de encostas, com o intuito de evitar deslizamentos na Ilha Porchat. A primeira etapa das obras, sob o Mirante Niemeyer, já foi finalizada. Os serviços avançaram e, atualmente, as equipes estão concentradas nas canaletas próximo ao Ilha Night Clube. 

Clube tradicional firma parcerias para retomar atividades

O Ilha Porchat não receberá neste ano o tradicional baile dos Mares do Sul. A situação - que já se repete há três carnavais – deve ser mudada a partir de 2019, quando André Luiz acredita que o clube já estará com as reformas em dia e com plena capacidade de receber o alto público que costuma frequentar a festa.

“Estamos fazendo parcerias para reformar o salão e construir toda a parte acústica que é exigida pela Prefeitura. Além disso, levantamos toda a parte técnica e documental para que o clube possa sobreviver”, afirma.

Recentemente, a tradicional piscina foi reformada e aberta aos sócios e ao público em geral (com o pagamento de uma taxa de R$50 pela diária). O espaço, instalado aos pés do morro e ladeado por pedras naturais da encosta, proporciona uma vista privilegiada da baía de São Vicente e de parte da orla de Santos.

De acordo com a Administração, o espaço para eventos poderá ser liberado tão logo seja implantado um novo projeto acústico, exigido pela legislação ambiental.

Abandonado, antigo Juá vira abrigo para pessoas em situação de rua

A Alameda Paulo Gonçalves, ocupada anteriormente por diversos carros que formavam fila para aproveitar uma noite no Juá, está abandonada. A antiga sede da casa noturna está ociosa e se transformou em abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de droga.

A reportagem esteve no local e encontrou diversos problemas que colocam em risco a segurança. Uma churrasqueira estava com a brasa aquecida, ao lado de papéis e colchões. Alguns recipientes espalhados pelo imóvel estavam com a água parada. No primeiro piso, fomos surpreendidos pela presença de pessoas em situação de rua, que rapidamente nos conduziram para fora do espaço.

A antiga casa noturna está abandonada desde o fechamento, em 2016, quando o empresário Wassim Abdouni, proprietário do espaço, foi acusado de ser o mentor da tentativa de homicídio de Humberto Santiago, chefe do gabinete do então vice-prefeito de São Vicente. 

Conforme apurou a polícia, desentendimentos sobre autorizações para o funcionamento do estabelecimento comercial entre Abdouni e o chefe de gabinete teriam sido o estopim para a encomenda do crime, segundo a investigação.

Em nota, a Prefeitura destaca que o imóvel que abrigou o Juá possui uma série de pendências judiciais. Por uma questão legal, o andamento dos processos não pode ser detalhado. Com relação à denúncia de água parada, a Prefeitura enviará equipe especializada para verificar a situação.

 

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