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Cotidiano

Histórias e sonhos se cruzam e nova dupla nasce em Santos

Jovens cantoras saem do Tocantins e de Mato Grosso e encontram apoio de projeto na Baixada Santista

Publicado em 30/07/2016 às 10:00

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Loanda (esq.) e Patrícia (dir.) foram contempladas com bolsa que dará acesso a produção musical e artística / Divulgação

A música uniu duas histórias. Loanda Pereira de Oliveira, de 26 anos, é do Tocantins e mora na Área Continental de São Vicente. Patrícia Santos Silva, de 19 anos, do Mato Grosso e reside em Cubatão. Vieram para a Baixada Santista com o sonho de propagar suas vozes. Cantam como as duplas sertanejas femininas que estão em alta. Não sabiam elas que se conheceriam em um teste e, a partir daí, teriam a oportunidade de trilhar, juntas, uma carreira.  

“Nunca fiz um curso. Canto desde os 12 anos. Me inspirei na minha irmã. Conheci meu namorado pela internet. Vendi tudo, larguei tudo para vir ficar com ele, que mora em São Vicente, e tentar uma carreira em São Paulo. Sempre que posso canto.”, disse Loanda. Recentemente, ela ganhou o festival de música realizado pela empresa onde trabalha.

A jovem chegou em São Vicente há um ano e meio. Foi bem recebida pela família do namorado. Mora de aluguel em uma casa na Área Continental de São Vicente e trabalha como atendente de telemarketing em uma empresa do ramo, em Santos. Em Tocantins atuou como vocalista em uma banda de axé. A voz de Loanda, que tem o sotaque forte da região onde nasceu, é ­marcante.

Patrícia chegou a Baixada Santista há dois meses. Veio em busca do sonho de cantar profissionalmente. Mora com a tia no bairro Jardim Casqueiro, em Cubatão. Trabalha como atendente em uma padaria próximo onde reside. Assim como Loanda tem o sotaque do seu estado de origem: Mato Grosso.

“Canto desde o sete anos. Comecei na escola. Participava dos festivais da igreja. Amo cantar. Pedi para cantar na quermesse lá em Cubatão. Eu quero que as pessoas conheçam o meu trabalho”, afirmou Patrícia.

Encontro

Loanda e Patricia se inscreveram no Projeto Talentos, iniciativa que busca novos talentos nas áreas da música, artes cênicas e passarela em cidades do Brasil. Foi na audição e no workshop realizado em Santos, nos últimos dias 23 e 24, que as duas se conheceram. A voz das jovens chamou atenção da comissão avaliadora, composta por artistas renomados do teatro e da música. Dessa avaliação nasceu uma nova dupla.

“Quando ouvi essas meninas me arrepiei toda. Disse a organização que prestasse atenção nelas e foi unânime. Elas têm estilo diferente, mas se completam. Tem pessoas que estão prontas, e elas estão. Vão ter todo o respaldo que um artista precisa para começar”, disse a cantora Joe Welch, que avaliou Loanda e Patrícia. Ela tem 22 anos de carreira e durante três anos atuou na banda do Domingão do Faustão.

A performance das duas impressionou tanto, que o projeto decidiu abraçar a carreira das jovens. Elas ganharam uma bolsa e serão acompanhadas por uma equipe técnica que vai prepará-las para o mercado musical. A proposta de formar uma dupla surgiu de Marcelo Boffat, preparador vocal e cênico do programa Máquina da Fama do SBT.

“Ouvi o teste delas e tive a ideia de torná-las uma dupla. Elas aceitaram. O mercado está propício a aceitar esse sertanejo e uma dupla feminina. Elas têm personalidade vocal diferentes, o que torna interessante a mistura das duas vozes. Além da boa voz, elas têm presença cênica e potencial”, afirmou Boffat. O resultado da preparação deve ser divulgado em novembro, quando a dupla participará da convenção do projeto, que será realizada em São Paulo.

“Nada acontece por acaso. Deus fala: é ali. E foi aqui que elas se encontraram com histórias e sonhos parecidos. Me emocionaram muito. É preciso talento para sobreviver nessa carreira. E talento elas têm”, afirmou o ator Blota Filho, que ­também compôs a ­comissão avaliadora.

Para Patrícia e Loanda o anúncio da bolsa foi uma surpresa. Se até poucos dias a realização do ­sonho parecia distante agora a perspectiva é real: “­Ainda não estou acreditando. Consegui o dinheiro para participar na última hora. Dedico a minha sogra, que torcia muito por mim e faleceu sem saber que ia participar. Agora é ­trabalhar”, disse Loanda.

Com início em escola do Mato Grosso do Sul, projeto busca talentos em cidades do Brasil

O sonho foi o que também moveu Patricia Fernandes, diretora do Projeto Talentos. A iniciativa nasceu em 1983, com a sogra dela, em uma escola de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. O objetivo do projeto era trabalhar o potencial artístico dos alunos e despertar a cidadania. A ideia cresceu e atualmente percorre municípios do Brasil.

“Com o falecimento da minha sogra o projeto parou. Há três anos retomei o projeto dentro da escola e agora estamos percorrendo as cidades. Selecionamos artistas que têm o mesmo pensamento e credibilidade.  O objetivo é despertar o talento. Nossa maior preocupação é o talento e não o dinheiro. Tudo tem custo, mas não é isso que nos move”, destacou Patrícia.

Patrícia destacou que há custos para o desenvolvimento do projeto. Os valores cobrados são acessíveis e os participantes recebem capacitação nas áreas pretendidas. No final das seleções o projeto realiza uma convenção onde os finalistas são apresentados para agências e produtoras.

“Sou uma pessoa sonhadora e meus pais nunca me apoiaram. Não consegui realizar o meu sonho, por isso resolvi realizar os sonhos dos outros. Existe muita exploração nessa área e com sonho não se brinca. Vamos ajudá-las (Patrícia e Loanda), sem dúvida”, afirmou.

Em São Paulo, o Projeto Talentos já passou pela Capital e cidades como Guarulhos e Santo André. As audições são agendadas de acordo com pesquisa realizada pela internet. Mais informações podem ser acessadas no site http://www.projetotalentos.com.br/.

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