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Cotidiano

Estudantes voltam a ser alvos nos entornos de faculdades

Assaltos em frente de universidades da região são recorrentes. Centros acadêmicos querem providências urgentes

Carlos Ratton

Publicado em 11/09/2017 às 11:00

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Duas universitárias foram assaltadas no ponto de ônibus praticamente em frente ao campus da UniSantos / Rodrigo Montaldi/DL

“Boa noite galera, infelizmente, fui assaltada na Conselheiro Nébias, no ponto (de ônibus). Eram dois menores e estavam armados. Levaram minha mochila com todo o meu material, carteira, uniforme de trabalho e outros pertences. A única coisa que consegui esconder foi o celular”, postou uma estudante no Facebook. Outra, escreveu um texto semelhante e no mesmo local, praticamente em frente à Universidade Católica de Santos – UniSantos.

Ambas as situações e uma série de outras serão levadas à reunião do 7º Conselho de Segurança (Conseg), no próximo dia 18, às 17 horas, pelo aluno do curso de Direito, Marcus Santana, do Centro Acadêmico Alexandre de Gusmão, que está entre grupo de estudantes, de outros centros e de outras universidades, lutando para melhorar a segurança no entorno dos campus concentrados no Boqueirão.    

“Estou falando que uma hora vai morrer alguém. Esse é o ponto em frente a faculdade. Me marcaram na publicação dessas meninas. Pelo que vi nos perfis, é o ponto da Unisanta (Universidade Santa Cecília)”, informou Santana à Reportagem. A UniSanta fica a poucos quarteirões da UniSantos.  

Recorrente

A situação dramática dos estudantes foi alvo de reportagem veiculada no último dia 28 pelo Diário, intitulada “Universitários de Santos exigem segurança”. Ela acabou obrigando a Prefeitura de Santos tomar algumas decisões. No último dia (1), um dia após uma reunião com algumas lideranças estudantis, o ouvidor Rivaldo Santos disse que a Administração está cobrando das universidades a implantação de câmeras de segurança direcionadas para as ruas do entorno dos campus.

Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), ocorrida no último dia 6, cujo tema foi segurança pública (ver nesta reportagem), o secretário de Segurança de Santos, Sérgio Del Bel, disse que há dois anos enviou um projeto de implantação de câmeras às universidades, mas que até aquele momento não havia obtido retorno. “Espero que tenhamos uma posição favorável, pois segurança pública tem que ser realizada de forma compartilhada”, afirma o experiente ex-coronel da Polícia Militar.  

Amanhã, às 10 horas, os estudantes se reúnem com a presidência da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), para melhorar a sinalização de solo das ruas do entorno das universidades, com a implantação de faixas de segurança, vagas para deficientes e outros.

Estudantes ameaçam ir para as ruas caso solução não apareça

Além das reuniões, os estudantes iniciaram um abaixo-assinado exigindo mais segurança nas ruas de entorno dos principais campus localizados na extensão da Avenida Conselheiro Nébias. O documento está percorrendo diversas faculdades e obtendo a adesão de alunos de inúmeros cursos, para posterior envio ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), ao presidente da Câmara, vereador Adilson dos Santos Júnior (PTB) e demais vereadores, aos promotores de Justiça de Santos e ao Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMI).    

O abaixo-assinado informa não ser mais aceitável a convivência diária com crimes e atos de violência cometidos pelos bandidos que, segundo os estudantes, se aproveitam da omissão do poder público, para “ameaçar a vida, a integridade física e se apropriar do patrimônio de quem bem entende à hora em que se bem entendem”.

Os estudantes enfatizaram que não há medidas preventivas na região e, caso ninguém tome providências, uma outra iniciativa, além do abaixo-assinado, está sendo avaliada, como, por exemplo, uma grande passeata estudantil.

Os estudantes reclamaram de roubos e furtos de veículos e de objetos pessoais como celulares e computadores, principalmente no período noturno. Eles já haviam revelado que as mulheres são os principais alvos dos criminosos, que chegam a atacá-las até em pontos de ônibus, na presença de várias pessoas.

Os alunos pediram iniciativas básicas à Administração Municipal, como a instalação de câmeras de monitoramento, podas de árvores, melhorias na iluminação pública e rondas constantes por parte da Polícia Militar e da Guarda Municipal no entorno das instituições.

Marcus Santana disse na ocasião, que além da UniSantos, Unisanta e Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), a insatisfação com a segurança também é uma realidade na Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Santos (ESAMC) e no Centro Universitário Lusíada (Unilus).

Mourão diz que discussão sobre segurança tem que ser metropolitana

O presidente do Condesb e prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, decidiu discutir segurança nas nove cidades da região, para tentar conseguir o que não obteve na última reunião do órgão, na sede da Agência Metropolitana (Agem): mapear e traçar um perfil da violência urbana para enfrentar as questões relacionadas à criminalidade.

Embora tenha contado com a participação e depoimentos de policiais civis, magistrados, representantes do setor de segurança e entidades que lidam com a temática, Alberto Mourão não escondeu a frustração de não ter tirado, do encontro, informações para colaborar com os quatro principais pontos que nortearão um futuro projeto de segurança metropolitano: fatores que influenciam nos índices de criminalidade, medidas socioeducativas (em caso de menores de idade), propostas municipais para fortalecer as ações e, ainda, as principais deficiências das polícias Civil e Militar.

Alberto Mourão vai enviar ofício a todos os órgãos municipais e vai realizar os encontros nas câmaras de vereadores. “As pessoas reclamam de falta de segurança mas, na hora de discutir, se ausentam. Então vamos provocar reuniões dentro das cidades e tentaremos sensibilizar os vereadores, conselheiros de segurança, representantes da área educacional e social, visando formar comissões em cada cidade para que, ao final, chegarmos uma proposta comum, que será cobrada dos governos”, disse Mourão.

O presidente do Condesb tem a opinião que segurança pública não se resume em mais investimentos e policiamento ostensivo. “É muito mais profundo do que isso. Se em cada 10 pessoas vítimas de homicídio no mundo, uma for brasileira, alguma coisa está errada. Precisamos acordar que somos 10% dos homicídios no planeta”, dispara.

O prefeito de Praia Grande disse que é preciso discutir segurança envolvendo outras vertentes, como a educacional, a cultural, a social e familiar. “Até a legislação precisa ser rediscutida e aprimorada, não somente na penalização, mas na sistematização dos direitos”, disse o presidente do Condesb, que prevê a feitura de um documento da Baixada a ser encaminhado ao Estado e “todos os órgãos competentes. Se tiver que chegar ao Congresso, chegará”, finaliza.

Sugestões

Apesar da pouca objetividade, a última reunião do Condesb gerou algumas sugestões, como a compra consorciada de material e equipamentos das guardas, um centro de formação dos guardas em Praia Grande; melhor gestão e acesso a bancos de dados de segurança, a possibilidade de tudo que for apreendido ser leiloado e o dinheiro ser revertido aos municípios, uma central de recuperação de dependentes de drogas e ainda a possibilidade de uma operação policial, semelhante a Operação Verão, ocorrer todos os finais de semana na Baixada. Essa última do deputado estadual Caio França (PSB).

 

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