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Cotidiano

Canil da Guarda Municipal de Santos é o retrato do abandono

Guardas e cães são submetidos a condições insalubres. Segundo a Prefeitura, a área onde fica o canil é da União

Carlos Ratton

Publicado em 02/03/2016 às 08:00

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Guardas se alimentam em um galpão sujo, com móveis quebrados e telhado parcialmente destruído / Matheus Tagé/DL

Não se sabe se está pior para os animais ou para os guardas que trabalham no equipamento. Essa é a dúvida que fica em quem faz uma visita ao Canil da Guarda Municipal de Santos, que se encontra completamente sucateado. Não existe manutenção. A denúncia do Sindicato dos Guardas Municipais da Baixada Santista (Sindguardas) foi conferida ontem pelo Diário do Litoral.

Segundo o diretor do sindicato, Paulo Rogério de França Coelho, o equipamento é insalubre. O lugar reservado ao treino dos animais está coberto de mato. Há restos de móveis entulhados. Os vestiários destinados aos guardas são apertados e só oferecem condições mínimas de higiene. O mesmo ocorre com os banheiros.

Não existe refeitório. Os guardas se alimentam em um galpão sujo, com móveis quebrados e com telhado parcialmente destruído. O fogão fica praticamente sob céu aberto, sujeito a contato de ratos e baratas. A mesa e os utensílios de cozinha são velhos. Não existe cobertura na pia onde a louça é lavada. “Chove muito dentro das dependências e o lugar onde fica o refeitório chega a inundar. Tudo é improvisado”, afirma Coelho.

A Reportagem flagrou inúmeras bicicletas entulhadas em um canto do imóvel. Os veículos, comprados com dinheiro público, se tornaram ferro velho por conta da exposição ao tempo. “É um total descaso com o dinheiro do contribuinte”, informa o diretor.

Cães ficam presos a maior parte do tempo

Os seis cães da Guarda, adestrados para auxiliar os guardas no patrulhamento, em ações preventivas, abordagens e no combate às drogas, ficam a maior parte do tempo trancados. O canil possui um cão da raça Dogo Argentino imprópria para servir a Guarda Municipal, por ser feroz e destinado à caça. Ele seria o sétimo animal. O dirigente explica que o Dogo é totalmente fora dos padrões de treino da guarda e que os outros animais existentes no local foram comprados pelos guardas e se tornaram patrimônios da Prefeitura.

A Reportagem conseguiu imagens do cão, que está preso há dias no canil. O mesmo acontece com os demais cães. “Esse cão pertence a um instrutor da Guarda. A Municipalidade é quem banca seu sustento e atendimento veterinário. Ele ocupa um boxe exclusivo por conta da agressividade e dois cães ficam juntos apertados por conta disso”, afirma o diretor.

Confira a reportagem no canal do Diário do Litoral no Youtube:

A Diretoria do Sindguardas revela que três guardas foram mordidos pelo animal e que os casos foram abafados. “Não houve boletim de ocorrência e nem registros internos. Portanto, não entra como acidente de trabalho pelo fato do cão não ser patrimônio da Prefeitura. Esse cão não poderia estar no canil, mas, sim, na casa de seu proprietário”, afirma o dirigente.

Para o Sindguardas, o canil teria que ser interditado imediatamente e operar após a realização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público e a Prefeitura de Santos. “O Sindicato já está formalizando e encaminhando a denúncia. O serviço especializado por cães é importante no apoio aos guardas, mas está sendo negligenciado”, finaliza Coelho.

Área da União

Procurada, a Prefeitura informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que a Guarda Municipal já tem um projeto de reforma para o canil. No local onde fica o abrigo existe uma cessão de Uso da União para a Prefeitura de Santos, que é uma das condições para execução de obras de maior porte.

Com relação ao animal citado na reportagem, a Administração informa que ele está com saúde. “A característica da raça é de comportamento de não agressividade e proteção”, menciona o Executivo.

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