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Cotidiano

Baixada encosta na Capital em violência por habitante

Em latrocínio e roubos, a Região já superou a Grande São Paulo na proporção delito/habitante

Publicado em 09/11/2015 às 11:18

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Em todas as oportunidades que esteve em Santos nos últimos meses deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sacou de índices da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) para garantir que a violência na Região Metropolitana da Baixada Santista – que inclui o Vale do Ribeira – vem diminuindo.

No entanto, a população da Baixada tem a sensação do contrário. Em levantamento baseado nos próprios números da SSP-SP, a Reportagem do Diário do Litoral verificou que a Região já encosta em São Paulo (Capital) em violência por delito/habitante e supera a Grande São Paulo na mesma comparação. 

Foram considerados apenas os números relativos à quantidade de homicídios dolosos; tentativas de homicídio; lesão corporal dolosa; latrocínio; estupro e todas as modalidades de roubo e furtos, entre janeiro e setembro deste ano. A Capital possui 11.253.503 habitantes e registrou 335.945 ocorrências no período, perfazendo uma ocorrência para cada 33 habitantes.

A região da Baixada Santista, por sua vez, tem 1.765.277 habitantes, registrando 46.885 ocorrências (uma ocorrência para cada 37 habitantes). Portanto, a Baixada tem uma diferença de quatro habitantes para cada caso registrado, com uma população seis vezes menor que a cidade de São Paulo.

A Região Metropolitana da Grande São Paulo possui 8.746.497 habitantes e 154.297 ocorrências, perfazendo uma ocorrência para cada 56 habitantes. Todos os números são baseados em ocorrências registradas pela SSP-SP.

Com uma população de 1,7 milhão de habitantes, Região registrou 46.885 casos de violência (Foto: Luiz Torres/DL)

Outra face

A Reportagem destacou na pesquisa duas ocorrências que mais chamam a atenção da população e que demandam ações preventivas e ostensivas mais diretas da Polícia Militar – latrocínio e roubo.

E justamente focada nesses dois tipos de delitos é que a Baixada Santista – 17 latrocínios e 13.930 roubos - mostra sua face mais dramática. Enquanto Santos e região registram uma ocorrência para cada 126 pessoas, a Grande São Paulo registra uma para cada 164 habitantes.

Nessa amostragem, a cidade de São Paulo, que soma 83 latrocínios e 114.633 roubos, ganha da Baixada Santista em termos proporcionais de delitos/habitantes: uma ocorrência para cada 98 pessoas. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública não se manifestou até o fechamento dessa reportagem.

Estado

Questionada, a SSP-SP informa que as polícias estão se empenhando no combate à criminalidade e na redução dos indicadores criminais. “A Baixada Santista teve queda de 9,55% nos homicídios de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. No mesmo comparativo, os roubos caíram 15,6% e os latrocínios, 26%”. Segundo o Estado, a taxa de homicídios da Região é de 9,58 por 100 mil habitantes nos últimos 12 meses, abaixo da taxa considerada epidêmica pela ONU.

Casos graves engrossam as estatísticas na Região

Crimes de grande repercussão registrados na Baixada Santista entre outubro e novembro aumentaram a sensação de insegurança e engrossaram as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Em comentários nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre os casos, ficou evidenciada a revolta da população com a vulnerabilidade das vítimas diante dos assaltantes.

Dentista foi morto em assalto com dois tiros no Canto do Forte (Foto: Reprodução/Facebook)

Na manhã da última quinta-feira, dia 5, o dentista Danilo Fascina, de 36 anos, foi morto a tiros ao ser vítima de assalto na Rua Tiradentes, no Canto do Forte, em Praia Grande. Fascina aguardava uma colega de profissão para seguirem para um consultório onde prestavam serviços quando foi rendido. Ao acelerar o carro, conforme apurou a polícia, Fascina foi atingido por dois disparos. Dois suspeitos pelo crime foram capturados na noite de quinta-feira.

Durante a madrugada de 31 de outubro, 14 pessoas foram vítimas de um arrastão, na Orla de Santos, cometido por ao menos 20 ladrões – nove deles foram capturados. Da Pompéia ao Gonzaga, os criminosos foram rendendo as vítimas e subtraindo pertences mediante graves ameaças. As cenas de violência foram captadas por câmeras da Prefeitura.

Em 19 de outubro, no início da madrugada, o estudante Luann Oshiro, de 18 anos, foi morto com um tiro no pescoço ao ser vítima de uma tentativa de assalto em um ponto de ônibus na Avenida Francisco Glicério, no Gonzaga.

A Polícia Civil apurou durante a investigação que o adolescente que atirou na vítima morreu no dia seguinte ao tentar assaltar um policial militar na Zona Noroeste de Santos. O outro envolvido no crime, Reinivaldo Costa Pereira, de 19 anos, está foragido.

Em 2 de outubro, o carcereiro do 5º Distrito Policial de Santos (Bom Retiro) foi assassinado, pelas costas, durante uma tentativa de assalto ao estabelecimento. O atirador e outros dois acusados estão presos. O motorista da quadrilha segue foragido.

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