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Cotidiano

Acesso precário por terra dificulta a vida na Praia do Góes

Único caminho que leva os moradores do local ao Guarujá oferece risco de acidente por falta de estrutura

Vanessa Pimentel

Publicado em 25/07/2017 às 10:30

Atualizado em 19/04/2021 às 13:37

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Quando não é possível sair da praia pelo mar, os moradores do Goés precisam acessar a única trilha que leva à Praia Santa Cruz do Navegantes em condições perigosas / Matheus Tagé/DL

Quem quer chegar à Praia do Góes, localizada à margem esquerda do Porto de Santos, em Guarujá, precisa pegar a barca que aporta a cada 30 minutos no píer em frente ao Clube Vasco da Gama, na Ponta da Praia, desembolsar R$ 3 e realizar o trajeto entre margens que dura cerca de dez minutos. Em dias de sol, sem neblina e com mar calmo, a travessia pode ser considerada um passeio agradável. Mas, a situação muda de figura junto com a previsão do tempo e as ressacas que invadem o litoral, como a que ocorreu na última terça-feira.

Em dias de mar alto ou neblina, o serviço de travessias fica comprometido e, dependendo da situação, chega a ser paralisado. Quando não é possível sair da praia pelo mar, os moradores do Góes precisam acessar a única trilha que leva à Praia de Santa Cruz dos Navegantes - conhecida como Pouca Farinha, e de lá acessar outras formas de transporte. “O problema é que o caminho já é complicado com tempo bom, na chuva fica quase impossível”, conta Leia Gonzalez, representante do Clube dos Treze, uma espécie de associação de moradores do local.

O marido de Leia, José Aníbal, levou a Reportagem para conhecer a trilha. Logo no início, na encosta, é possível observar muito entulho fruto do que, de acordo com José, já foi uma residência. “Essa casa desabou. Não morreu ninguém porque ela estava vazia na hora em que aconteceu. Depois veio um pessoal da prefeitura derrubar o que sobrou, mas até hoje não vieram retirar o entulho. Ficou tudo jogado aí”, mostra. Segundo ele, já se passaram quatro anos do ocorrido.

Em seguida há uma ponte de madeira e um corrimão feito de corda preso nas pedras. Embaixo, como o solo cedeu, há um buraco e muitas pedras. A trilha - que leva cerca de 30 minutos para ser concluída e pode ser feita somente a pé - segue assim: há trechos planos e cimentados e outros que não oferecem nenhum tipo de estrutura, segurança e dão medo pela possível queda, caso um deslize aconteça.

Em alguns pontos, degraus íngremes e de barro, tanto na subida quando na descida, impedem que o caminho seja percorrido em dias de chuva devido à lama que escorre por ali. A erosão também se faz presente e parece abocanhar partes de toda encosta que emoldura a região.

“O problema maior é quando as crianças precisam passar para ir à escola, é muito perigoso, pode causar uma queda por causa dessa lama, então geralmente ficam sem aula. Antes o caminho era feito ali por baixo, mas como parte da encosta desabou, tivemos que fazer essa trilha aqui por cima”, mostra Aníbal apontando para o rastro do antigo caminho.

E o responsável por realizar melhorias no único acesso por terra dos moradores da praia do Góes é Carlos Lopes Braga, conhecido como Dinho. Ele não estava presente para conceder entrevista, mas foi citado por Aníbal pela dedicação.

“Já pedimos muitas vezes para a prefeitura melhorar o acesso por terra, mas nada é feito. A praia abriga em torno de 250 pessoas, ou seja, não elegemos vereador então somos esquecidos”, acredita.

Ele diz que há na região em torno de 80 casas e não é possível construir mais nenhuma. Não há posto de saúde ou escola e a água é obtida por uma fonte natural que desce do morro.

Resposta

A Secretaria de Operações Urbanas informou que realizou no último mês um mutirão de reparos na comunidade de Santa Cruz dos Navegantes até a Praia do Góes e que para as próximas semanas será programada outra ação, de acordo com a demanda.

Já a Prefeitura disse que firmou parceria com o Ministério Público em duas ações para o recolhimento de entulho deixado por lá, em locais de preservação ambiental e de patrimônio da União, o que, de acordo com a nota, “poderá ocorrer nos próximos dias, pois a retirada do material deverá ser feita por mar e depende de condições climáticas favoráveis”.

Tainha no bambu é opção no cardápio do Goés

Desde que pediu as contas em uma loja de colchões onde trabalhava como gerente, Alexandre Oliveira decidiu se tornar o próprio patrão e dar mais leveza ao ritmo de vida que levava. Por isso, em janeiro passado, assumiu uma propriedade pé na areia da Praia Góes e abriu um bar: Cantinho da Nelma.

Mesmo com a dificuldade de locomoção de quem mora por ali, Alexandre conta que se apaixonou pelo local e com o aval da esposa, decidiu que investiria na ideia.

Para atrair os clientes e de olho na temporada, época em que o litoral atrai muitos turistas, o novo comerciante vem testando a programação e garante que quem for conferir, não vai mais querer ir embora.

“Olha esse visual, impossível não amar. Por isso, um sábado do mês tem o melhor da MPB ao vivo. Já aos domingos tem roda de samba e Festival da Tainha no Bambu”, conta.

Além da música boa, Alexandre empresta aos visitantes um caiaque e uma churrasqueira, basta que as bebidas sejam consumidas no bar.

“A gente não pode deixar essa praia esquecida. Eu mesmo moro na Ponta da Praia e antes do bar, nunca tinha vindo aqui. O turismo é uma forma de mostrar a cultura local e traz emprego para quem mora no Góes. Por isso, fica a convite, venham conhecer!”, chama o comerciante.

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