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Cotidiano

A superação após o diagnóstico do câncer de mama

Mulheres da região contam suas histórias de luta e superação após o diagnóstico da doença e o tratamento

Rafaella Martinez

Publicado em 13/10/2016 às 11:30

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A técnica em segurança do trabalho Neleia Critelli descobriu um nódulo no seio após um autoexame; após o tratamento, considera a doença como um divisor de águas / Rodrigo Montaldi/DL

Em 2004, aos 31 anos, sem histórico familiar da doença e distante do grupo de risco, a técnica em segurança do trabalho Neleia Aricieri Critelli descobriu um nódulo no seio durante um autoexame. Após a retirada do tumor de 2,5 centímetros, recebeu o diagnóstico confirmando o câncer de mama em estado avançado.

“Quando você recebe um diagnóstico desse você fica sem chão. Todas as pessoas que eu conhecia que haviam enfrentado a doença não estavam mais vivas. Pensei que eu iria morrer. Tinha certeza que o diagnóstico do câncer era o meu atestado de óbito”, afirma.

Passado o susto do diagnóstico, vieram as complicações do tratamento. Além de perder todos os pêlos do corpo, teve alergia à medicação da quimioterapia. “Os remédios queimaram minhas veias e fizeram com que eu contraísse broncopneumonia e bradicardia. Após ser socorrida às pressas pela emergência do hospital na terceira sessão, precisei ter a medicação suspensa, pois aquela iria me curar do câncer, mas me mataria do coração”.

Neleia afirma que, após o sucesso da cirurgia, e o otimismo do médico em relação à recuperação, passou a refletir sobre a doença. “Eu parei e pensei na vida, em quem eu era antes do câncer. Lembrei de uma pessoa amargurada, que guardava muito rancor e tristeza”.

Com a reflexão, criou sua própria teoria para o surgimento do tumor. “Percebi que a gente cria a nossa própria doença. O câncer nada mais é do que uma célula do próprio corpo que sofre uma mutação, que “dá um defeito”. E para uma mulher, o seio é o símbolo da feminilidade. Ele foi um divisor de águas na minha vida, me fez ter uma nova chance. Com o tempo, percebi que não era uma maldição, e sim uma possibilidade de mudança e de dar a volta por cima. O câncer me trouxe de volta à vida”.

Ressignificação

“Quando eu estava em tratamento, as pessoas diziam que o mais importante era acreditar e não desanimar. Eu ficava brava e pensava que só falavam aquilo para me agradar, mas é verdade. Eu sou a prova viva disso. Ainda estou aqui, de pé, apesar de tudo”, afirma Maria Cecília Moraes. 

Diagnosticada com câncer de mama no final de 2013, a maquiadora relembra momentos e fala sobre a nova forma de encarar a vida após o diagnóstico. “Fica tudo tão fora do eixo, o corpo muda tanto, que um dia eu pensei que precisava doar as minhas roupas, pois elas já não iriam me servir. Passado um tempo isso veio de novo na minha cabeça, mas o proposito era outro: o câncer tinha me ensinado novas prioridades. Eu não iria mais precisar de muita coisa. Não queria mais ficar acumulando bens materiais”, destaca.

Maria Cecília afirma que aprendeu a valorizar outras coisas após o diagnóstico. “Entendi a importância da amizade verdadeira e os pequenos gestos. Como quando todos foram até minha  casa para eu cortar o cabelo (e os rapazes da família e o próprio cabelereiro também cortou) ou quando as minhas amigas compareceram todas de lenço em uma festa, para que eu não me sentisse sozinha. Isso talvez tenha sido mais importante que os remédios para minha recuperação”, afirma.

Pacientes oncológicos podem requerer direitos

Quando recebeu o diagnóstico de câncer no intestino com metástase no fígado, em 2012, a advogada Maria Regina H.V.M. Pimentel chegou a receber a informação de que teria apenas 1% de chance de sobrevida. Após meses de tratamento e passagens constantes por médicos e unidades de terapia intensiva, decidiu auxiliar pessoas que enfrentam a doença e muitas vezes não conseguem ter acesso a informações básicas. Foi assim que compilou em forma de cartilha, com o apoio da OAB Santos, os principais direitos dos pacientes oncológicos, estabelecidos em lei.

“A informação talvez seja o meio mais eficaz para auxiliar as pessoas que enfrentam a doença”, afirma a advogada.

Saque do FGTS

Na fase sintomática da doença, o trabalhador cadastrado no FGTS que tiver neoplasia maligna (câncer) ou que tenha dependente portador de câncer poderá fazer o saque do FGTS. 

Auxílio-doença

É um benefício mensal a que tem direito o segurado quando este fica temporariamente incapaz para o trabalho em virtude de doença por mais de 15 dias consecutivos.

Aposentadoria por invalidez. A aposentadoria por invalidez é concedida desde que a incapacidade para o trabalho seja considerada definitiva pela perícia médica do INSS. O portador de câncer terá direito ao benefício, independente do pagamento de 12 contribuições, desde que esteja na qualidade de segurado.

Quitação do financiamento da casa própria

A pessoa com invalidez total e permanente, causada por acidente ou doença, possui direito à quitação, caso exista esta cláusula no seu contrato. 

Isenção de IPI na compra de veículos adaptados

O paciente com câncer é isento do imposto federal sobre produtos industrializados (IPI) apenas quando apresenta deficiência física nos membros superiores ou inferiores que o impeça de dirigir veículos comuns. É necessário que o solicitante apresente exames e laudo médico que descrevam e comprovem a deficiência.

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