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Cotidiano

'A população vai passar a régua e por baixo'

A entrevista desta segunda é com Wanderley Maduro dos Reis (PPS), que afirma que os eleitores serão mais exigentes nas próximas eleições

Carlos Ratton

Publicado em 11/06/2018 às 09:17

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Wanderley Maduro dos Reis (PPS) afirma que os eleitores serão mais exigentes nas próximas eleições / Carlos Ratton/DL

Ele é um vereador experiente. Quatro mandatos, sendo três vezes presidente da Câmara de Guarujá. Agora, assumiu a cadeira do vereador José Teles Júnior, afastado por conta de problemas eleitorais. A entrevista desta segunda é com Wanderley Maduro dos Reis (PPS), que afirma que os eleitores serão mais exigentes nas próximas eleições.  

Diário do Litoral – Voltar à ativa na Câmara é o mesmo que andar de bicicleta? Nunca esquece?  
Wanderley Maduro
– Quem andou não desaprende. Mas, 14 anos fora, sempre dá uma tremida no guidão, uma batida no meio fio e até podemos tomar um tombo. Nunca se sabe. 

Diário – Já passou um ano e meio dessa legislatura. Você tem que ficar a par de tudo muito rápido, não?
Maduro –
Isso. Desconheço as principais propostas do prefeito Valter Suman. Estava afastado da vida pública, não ocupei nenhuma secretaria, pois tenho meu emprego no Fórum de Guarujá. Sou oficial de justiça. Nesse tempo, me aproximei mais do povo, analisando a política de fora. Percebo que os políticos estão atravessando uma maré muito ruim. O Brasil mudou muito. Nunca iria imaginar o presidente Lula, uma das maiores lideranças desse país, preso. Se há 14 anos uma vidente falasse isso para mim, eu diria que ela estava louca.

Diário – Só ele na cadeia? Não está faltando mais ninguém?
Maduro –
Depois que a gente assistiu o deputado Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara dos Deputados), liderando a maior bancada do Brasil, perder tudo e ir preso, é melhor todos colocarem suas barbas de molho porque a coisa está ficando ruim. Os pequenos (políticos do baixo clero) que se preparem, pois vai virar isca. O Congresso Nacional possui 180 deputados processados. O Supremo Tribunal solta todo mundo. O povo não está vendo um país melhor. 

Diário – Há demonstrações que a população está mais atenta?
Maduro –
Basta ver a greve dos caminhoneiros. As pessoas não estão mais tendo paciência para a roubalheira, para o desmando, para a política errada. O povo brasileiro atura mais do que qualquer outro. Em outros países, o pau já teria quebrado. O político que detém mandato hoje vai precisar de muita coragem para colocar a cara na rua. A população vai passar a régua e por baixo. Vai todo mundo para a vala comum.      

Diário – Como você avalia os pré-candidatos à presidência?
Maduro –
Mudam de partido, mas a ideologia é a mesma. O povo está esclarecido e marcando em cima. Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo e a gente não vê, nas ruas, qualquer alusão à competição. Diferente de outros tempos. A coisa tá tão ruim que as pessoas estão cometendo o absurdo de pedir intervenção militar. Tem que haver uma mudança nas urnas, de forma democrática. Militarismo impede até eleições livres. O desespero está fazendo a população buscar até soluções draconianas. O cara não está nem percebendo que pode perder o direito ao voto.

Diário – O ex-vereador Zé Teles Jr era a única oposição na Câmara. O senhor vai manter a mesma linha?
Maduro –
Ainda não conversei com o prefeito e não sei seu plano de governo. Não sou um político que acredita que quanto pior, melhor. No entanto, não tenho nenhuma dúvida em votar contra o que a maioria decidir se não concordar com o projeto do governo. Não estou preocupado com os 16 que hoje apoiam o prefeito, mas sim, com o que não é resolvido na Cidade. Teles teve muita coragem de, num primeiro mandato, se posicionar tão firme. Ninguém pode dizer que ele se vendeu. 

Diário – Esse bloco de sustentação é salutar para a Cidade?
Maduro –
A Câmara hoje é um bloco de um só. Está fechada em torno da Administração Suman. Ele está indo bem. É médico, um homem sério, tem uma família bem estruturada e um freio moral. Mas como ele vai atuar, eu vou analisar daqui para frente. Ele está arrumando a cidade e isso a população está vendo. Mas eu, como vereador, tenho que ver a que custo, pois sou um fiscal do erário. 

Diário – Suman agregou pessoas de administrações passadas em seu governo. O que o senhor acha disso?
Maduro –
Essas pessoas deixaram de seguir os ideais tão propagados nas eleições passadas. A oposição funciona como um painel de carro. Acendeu a luz vermelha, você não gosta, mas vai olhar o que está ocorrendo. Agora, sem luz vermelha, pode fundir o motor. Guarujá está sem a luz vermelha. Se não faltar água, óleo e tudo estiver certo, ele vai chegar ao destino. No entanto, se parar, o conserto vai ficar caro.   

Diário – O senhor foi baleado em 2016. Foi assalto o rixa política?
Maduro
– Não sei. Mas um dos assaltantes rendeu toda minha família e perguntou onde eu estava. Eu consegui pegar minha arma e atirei. Quando eu fui atirar no outro, recebi um tiro no pescoço. Um dia, uma senhora me disse que iria fechar meu corpo e eu estou começando a acreditar nela (risos), porque passou perto. A bala entrou e saiu sem cortar uma veia sequer

Diário – Qual a sua avaliação sobre a presidência da Câmara?
Maduro
– Vou fazer um requerimento para tomar pé do orçamento, que é de R$ 44 milhões, e saber como estão os contratos e os gastos. Mas acredito que o Edilson Dias está caminhando bem.  

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