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Entrevistas

Luiz Fernando Rodrigues: 'Acho que as pessoas estão procurando mais a união do que a guerra'

Ele é presidente da Subseção de Santos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comanda a entidade com oito mil advogados e dois mil estagiários

Glauco Braga

Publicado em 28/08/2018 às 17:44

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Luiz Fernando Rodrigues, presidente da Subseção de Santos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) / Rodrigo Montaldi/DL

Luiz Fernando Rodrigues, presidente da Subseção de Santos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comanda a entidade com oito mil advogados e dois mil estagiários. No meio de uma disputa política, corre o risco de sair candidato à reeleição em uma candidatura independente ou contar com o apoio do presidente da Seccional São Paulo Marcos da Costa.

Diário do Litoral: Qual o cenário que o senhor projeta para as próximas eleições? O senhor é ou não candidato?
Luiz Fernando Rodrigues -
Ainda existe uma probabilidade de eu ser candidato.

Diário: O senhor já declarou que não quer ser candidato?
Luiz Fernando Rodrigues -
Não, nunca falei isso. Há muita boataria. Ora, estou no Conselho Federal, ora na Subseção, ora apoiando um candidato de São Paulo, ora outro. Nosso grupo com certeza estará na eleição. Se sou eu, se é alguém da própria diretoria ou alguém ligado a nós, isso está sendo definido, junto com os nossos candidatos de São Paulo. Hoje, somos Marcos da Costa em São Paulo e temos nosso grupo. Se houver alguma mudança do cenário que justifique sermos independentes ou mudar de cenário é outra coisa.  Esse é o quadro. Posso ser candidato, mas pelas regras das eleições não pode haver pré-campanha. Então, eu trabalho até abrir as inscrições, em meados de setembro, mas não vejo o quadro definido nem minha oposição definida ainda.

Mas o senhor tem vontade, não descartando continuar na presidência,  de ir para o Conselho Federal?
Luiz Fernando Rodrigues -
Não é uma vontade. Isso é uma necessidade do grupo, às vezes. O presidente em São Paulo gostaria que eu estivesse em Brasília para abrir portas para ele, pois sabe que somos um grupo de trabalho. Há a possibilidade. Se for bom para o grupo, sou um soldado do grupo.  

Diário: É um caminho natural?
Luiz Fernando Rodrigues -
Sim. Já fui duas vezes conselheiro estadual, seria uma aspiração para qualquer advogado do Estado de São Paulo. Existem sondagens, convites. Sou do grupo e se ele decidir que tenho que continuar em Santos para terminar o trabalho, já que tivemos nove meses de gestão abreviada, e temos uma boa aceitação, vamos sair à reeleição. É uma probabilidade.

Diário: O que existe de verdade nesse apoio do Ricardo Sayeg ao Marcos da Costa, em São Paulo, com a condição de um apoio à candidatura de Rodrigo Julião a presidente da OAB/Santos?
Luiz Fernando Rodrigues -
Boato. Eu escutei isso de mais de uma pessoa também. São pessoas que querem ver instabilidade.  O que há é que hoje existe um apoio do Sayeg ao Marcos da Costa e o Julião é ligado ao Sayeg. Eu acredito que ele vai apoiar o Marcos da Costa, que não pode negar apoio.

Diário: Essa conversa não existe?
Luiz Fernando Rodrigues -
Se existe é para São Paulo. Não chegou a ser conversado em Santos. Santos está independente no sentido que nosso grupo vai continuar e estamos com o Marcos. Se esse acordo do Julião com o Marcos, influenciar em Santos, podemos seguir independentes ou ver outras opções. Oficialmente, isso não foi conversado. O que existe é muita especulação. Gera entre todos uma ansiedade dos que nos apoiam  e os que apoiaram ele. Muitos torcem para que isso aconteça, uma conciliação dos dois grandes grupos de advocacia da Cidade, e muitos querendo que não aconteça. Efeitos colaterais podem vir a existir se isso acontecer, mas posso garantir que Santos vai continuar com nosso grupo.

Diário: Então, vocês não vão abrir mão em nome de ninguém?
Luiz Fernando Rodrigues -
Não, não.

Diário: Como o senhor está lidando com essas auditorias ? Uma pegou as questões financeiras do Rodrigo Julião; uma auditoria sobre o Dr. Rodrigo Lyra; e o senhor também é alvo de uma.
Luiz Fernando Rodrigues
- Existe uma auditoria contra o Julião, da gestão dele, de 2015, que está sendo analisada pelo Conselho de Ética, e não sei qual é o parecer final, se foi de procedência ou não. Eu não acompanho, nunca fui lá em São Paulo.  Na parte que cita da gestão do Rodrigo Lyra é totalmente infundada.

Diário: Mas e a história que alguns advogados pagavam o Plano de Saúde (administrado pela CAASP) e outros não?  
Luiz Fernando Rodrigues -
Isso eu fui até citado nela, fui acusado e fiz defesa e fui absolvido. Tenho sentença de absolvição. Na minha ótica, o que deixou transparecer foi uma erro administração da gestão passada. Eles faziam o boleto, todo mês, e era entregue. Eles mudaram a forma de fazer o boleto. Passaram a fazer anual, que gera menos custo. A ideia era boa. Eles esqueceram de algumas coisas. Além dos reajustes do plano anual, as pessoas mudam de idade, de faixa etária. Ocorreu que diversas pessoas, não sou só eu, estou nesse bolo, são 50 advogados, que tiveram uma diferença para acertar. Uns até pagaram a mais, porque tirou um integrante da família. Quando assumi a gestão tive que pagar para advogados que tinham crédito. No meu caso foi ao contrário. Eu tinha meu pai e minha mãe, que mudaram de faixa etária, que mudaram na época que dava uma pancada.Eles não perceberam e gerou um déficit. Propus para tesouraria que o tempo que eles levaram para descobrir o erro, vou pagar da mesma forma. Parcelei e paguei. Faltam um ou dois para quitar. No meio da confusão, eles fazem uma planilha e falam “paga dez anos para trás”. Eu disse, isso não existe, dez anos para trás. Fiz minha defesa, exigi os documentos da Santa Casa, mostrando que essa diferença não existe. Foi uma alegação infundada da chapa do Julião. No desespero, pois já tinham perdido em Brasília, perdido a eleição e eu estava para assumir. Fizeram essa acusação.

Diário: Então, o senhor não tem nenhum  impedimento?
Luiz Fernando Rodrigues -
Nada. Agora, tem uma pessoa que fica falando até o momento que vou entrar com um processo contra ela. Já fui julgado e absolvido. Quem requenta a acusação é um novo grupo político, nem é aquele que me acusou. O grupo que me acusou aceitou, já sabe, não recorreu da decisão. Esse novo grupo quer atacar os dois lado. Atacar o Rodrigo Lyra, que tem uma ficha de prestação de serviços gigante para a OAB/Santos; querem me atacar por algo que já fui julgado e absolvido;  e querem bancar de autoridade moral. Ele vai fazer essas alegações e vai apanhar  feio tanto na Justiça, na Ética. Eles sabem que já tem processo de arquivamento, que já juntei. Como posso ser acusado de alguma coisa? Fui diretor aqui de 2003 a 2009. Em 2012, não fui diretor. Fiquei fora da gestão vários anos. Por que aparece? Porque fui candidato. Ficam remoendo o passado. Mesma coisa que falar do Bolsonaro de 1964; do Lula. Para isso tem a Justiça para reparar o dano moral, para reparar criminalmente. O Julião já me pediu perdão por isso. Já provei por A+B. Tem gente que está querendo se valer disso politicamente.

Diário: O senhor acha que isso pode ser um aperitivo da próxima campanha?
Luiz Fernando Rodrigues -
Ao contrário, acho que não. Já aconteceram muitas condenações no Tribunal de Ética e Disciplina, já que foram muito ácidas no Facebook. Vão se recolher um pouco. Agora, tem uma determinada pessoa que está se mostrando inconsequente. Vai responder por isso. Agora, acho que as pessoas estão procurando mais a união do que a guerra. A maioria que converso fala que bom que os grupos estão se aproximando e querem conversar. Já alguns não estão concordando.

Diário: Quando define se vai sair candidato?
Luiz Fernando Rodrigues -
Em setembro, na segunda quinzena, tenho que definir de qualquer jeito. A eleição é novembro.

Diário: Dr. Luiz Fernando, quanto tempo o senhor está na presidência da OAB/Santos e como encontrou a casa quando assumiu?
Luiz Fernando Rodrigues -
Estou há dois anos e um mês. Estamos melhorando,  entregando serviços novos, fazendo algumas benfeitorias; modificamos os ônibus; fizemos o Portal da Transparência; implementamos um aplicativo de celular e modificamos a página da internet.

Diário: E a situação econômica?
Luiz Fernando Rodrigues -
O caixa, está no Portal de Transparência e aberto a todas as pessoas, não era um caixa forte, tinha uma certa debilidade. No primeiro ano, cortamos tudo o que é tipo de despesa, reduzimos gastos com publicidade, não fizemos mais agendas, que o custo era de R$ 100 mil, cortamos há dois anos para recuperar o caixa; rescindimos o contrato com a revista; cortamos o jornal da OAB; mexemos na assessoria de imprensa, já que várias pessoas tinham acesso, enxugamos a máquina. Pegamos um caixa com R$ 150 mil e um débito de R$ 50 mil e, hoje, estamos com mãos de R$ 900 mil em caixa. Nós recuperamos aos pouquinhos, sem deixar de fazer as coisas. Isso é importante falar.  Fizemos melhorias, muitos cursos, palestras, batemos recorde de cursos. Demos um fôlego para entidade. Não vai ficar todo esse dinheiro, pois fizemos o Baile do Advogado, teremos despesas e algumas obras para fazer.

Diário: Quantos advogados temos em Santos hoje? E estagiários?
Luiz Fernando Rodrigues -
São oito mil. Com os estagiários chegamos a 10 mil. É a terceira subseção maior do Estado de São Paulo. Somos a única subseção do Brasil com as contas no Portal de Transparência.

Diário: Como avalia o momento da advocacia e da Justiça no Brasil?
Luiz Fernando Rodrigues -
A advocacia está tal e qual a Justiça hoje. Está a alguns passos de credibilidade com a sociedade e, às vezes, retroage, é esse vaivém. É uma gangorra. O Poder Judiciário está em alta, por causa da Lava Jato, maior caso da história do mundo contra a corrupção, mas sofre ataques por conta posições polarizadas do Poder Judiciário, morosidade e impunidade. Um passo para frente e outro para trás, buscando um dia um prumo correto.

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